Em São Chico, apelido carinhoso para São Francisco de Paula, existe um lugar que parece que saiu de um conto de fadas: o Parador Hampel, considerado o primeiro hotel da serra gaúcha. Para quem não conhece, faço o pedido para que não percam mais tempo. O lugar, inaugurado em 1899, é uma pousada que oferece as mais variadas experiências culturais e gastronômicas em meio à natureza.
Sob o comando do chef Marcos Livi, o almoço ao ar livre ocorre aos domingos. Como o nome do projeto é A Ferro e Fogo, não poderia ser diferente: um bom assado que não há gaúcho que resista, unindo técnica, rusticidade e paixão pelo fogo.
Hospitalidade, gastronomia e lazer junto a tranquilidade da natureza são alguns dos pilares para uma experiência inesquecível. Logo na entrada, tomando todas as medidas de proteção necessárias, são coletados os dados do visitante e fornecida uma pulseirinha de identificação para circular por toda a propriedade, onde é obrigatório o uso de máscara.
O antigo casarão tem partes da fachada coloridas. Inclusive, a pintura que parecia um tanto quanto meramente artística foi o cenário que encontramos ao explorar a propriedade, com um lago espelhado espetacular. Alguns itens do projeto A Ferro e Fogo ficam à venda na entrada, daqueles que qualquer assador vai querer comprar.
Na casa antiga fica a hospedagem e o restaurante para almoços e jantares. Sabe aqueles lugares que em cada cantinho da parede dá para sentir a história? Pois então. O Parador, com 120 anos, surgiu com a chegada de um casal de alemães em São Francisco de Paula, os Hampel.
A ampla cozinha segue um estilo rústico-industrial. De fato, antes mesmo de chegar ao ponto principal do domingo, que é o assado ao ar livre, a beleza de todos os cômodos já nos apaixonou. Inclusive, dos banheiros. Os ambientes do restaurante são repleto de mesinhas e pelego nas cadeiras, quase um convite a se sentar e passar horas, sem pressa.
A parte externa segue a mesma proposta, mas com um pequeno diferencial: parece que estamos dentro das árvores. Meu único desejo é que não demore muito para eu voltar e fazer uma refeição nessas mesinhas da rua.
Agora, propriamente falando do assunto do domingo, ao sair da breve visita pelo casarão, o visitante tem um lindo passeio pelas trilhas até chegar ao local do assado. Além do caminho ser composto por uma flora impecável, ainda é ao som do canto dos passarinhos. São oito minutos caminhando. E que minutos preciosos. A cada extensão tem uma surpresa. No meio do caminho, tem uma ilha já com fogo aceso que, em breve, descobriríamos o porquê dela estar ali.
Chegamos propriamente ao A Ferro e Fogo. Simplesmente, uma das surpresas mais arrepiantes que já tive. A experiência custa R$ 163,90 por pessa. Colado a um lago e debaixo de grandes árvores se encontravam pequenas ilhas de aço, altamente bem boladas no estilo mais rústico possível, cada uma com um cenário diferente. Como eles já dizem, mais do que um almoço, é uma grande celebração para viver uma experiência única em contato com a natureza.
As pessoas são convidadas a circularem entre as estações (de máscara) e saciar a fome com iguarias feitas na brasa, com muita cor, aroma e sabor. É realmente para sair com uns botões da calça desabotoados.
O cenário era todo assim: árvores, lenhas, fogo, fumaça, comilança e música ao vivo. Uma celebração, de fato. Entre as carnes, tem costelão bovino e suíno assados lentamente na lenha por 8 horas. Além de cordeiro orgânico e galeto al primo canto. Aposto um milhão que nenhum apreciador de carne resista a essa paisagem (e ao aroma das diferentes carnes assando também).
Para começar, a ilha de choripans dão as boas-vindas. Boas não, excelentes. Composto por linguiça artesanal, chimichurri, tomate, cebola, cheiro verde e servido num pequeno baguete caseiro. Aí depois vem a parte de salada e tostados, com ingredientes frescos direto da horta. Entre os pratos quentes servidos no fogão campeiro tem arroz de carreteiro, feijão, moranga caramelada, batata doce, aipim e polenta. E claro, há ilhas somente de legumes! Inclusive, é uma das minhas favoritas. Portanto, não se preocupem, vegetarianos ou veganos.
Entre diversas mesinhas de madeira espalhadas pela grande extensão de grama, também tem alguns grandes bancos de madeira, de frente ao espelho d'água. De fato, essa foi nossa escolha: perfeito para casal. Meu pratão foi composto por basicamente tudo que as ilhas ofereciam.
Entre as bebidas, têm água mineral com e sem gás, suco natural, refrigerante e, adivinhe: chope! O vinho é à parte, mas como bons apaixonados por um tinto, não há calor que nos impeça de tomar umas tacinhas. Escolhemos um Malbec Finca El Origen (R$ 97), perfeito para combinar com o assado.
Não se engane. Repito que não é apenas sobre a carne. As frutas assadas já davam seu ar da graça com um aroma delicioso para a hora da sobremesa. É uma ilha mais linda que a outra. Parece tudo uma pintura.
Prestes a encerrar o almoço, você é orientado de que a sobremesa se encontra no caminho de volta. Entre as sobremesas, frutas assadas, tarte tartin, crepe de doce de leite e churros. No meio dessa lenha toda se encontrava uma incrível panelona de ferro com a impecável torta de maçã.
O crepe de doce de leite precisou ser repetido de tão bom. Um close dessa maravilha finalizado com açúcar de confeiteiro por cima.
Além do crepe, outro ponto altíssimo para o pessoal que aprecia um doce bem doce é o churros de doce de leite.
Para fechar uma experiência que parece ter saída de um conto de fadas, uma pequena ilha com chá e café, graciosamente servidos em lindos bules e delicadas xícaras.
Por quê e como não conhecíamos esse lugar antes? - Foi o que nos perguntamos ao tomar o último gole do chá. Que dia incrível! Obrigada, Marcos Livi, a Ferro e Fogo, Parador Hampel, e São Chico! Voltaremos o quanto antes.
Parador Hampel
Endereço: Rua Boca da Serra, 445 - Indianópolis, São Francisco de Paula
Fone: (54) 3244-1363