A enologia está em constante movimento, desenvolvendo novas técnicas e novas práticas enológicas e buscando melhorias para elevar a qualidade dos produtos. No campo, teste de novas variedades para melhor adaptabilidade, na cantina novos filtros para reter microrganismos e novas técnicas para limpar o mosto, etc. Sempre primando pela qualidade e pelo diferencial dos nossos produtos.
A nova geração de enólogos vem nessa batida, fazendo rótulos que se identificam e usando tecnologias aliadas às práticas ancestrais. A nova geração foge do padrão e busca sua identidade nos vinhos. Assim, chegou-se ao uso de madeiras brasileiras, como jequitibá rosa, amburana, bálsamo, castanheiras, entre outras. Madeiras que já eram utilizadas na cachaça e agora estão tomando espaço no mundo do vinho.
O enólogo e proprietário da Arte Viva, Giovanni Ferrari, foi um dos pioneiros no uso das madeiras brasileiras.
— Se a uva vem da região, se queremos falar de terroir, por que vamos usar uma madeira que não é daqui? — brinca ele, ao lado das suas barricas de madeira brasileira.
A Arte Viva, vinícola da Serra Gaúcha, além de trabalhar a tempos com as madeiras brasileiras, desenvolveu uma experiência para aprender mais sobre. Confesso que, até então, não conhecia muito este sensorial, por isso, realizar a visita foi um divisor de águas pra mim.
A experiência
A experiência de madeiras brasileiras acontece no porão da casa antiga no Caminhos de Pedra. Quatro barricas, com o mesmo vinho, maturadas em madeiras diferentes. Melhor forma de marcar o sensorial, pois degusta cada barrica separada para marcar bem o perfil aromático e gustativo de cada uma. Carvalho Francês, Amburana, Cabreúva e Bálsamo.
O carvalho nesta brincadeira vira coadjuvante, pois já temos o perfil sensorial definido. Já as madeiras brasileiras ganham espaço, fazendo a gente se conectar com os nossos sentidos e descobrir novos aromas e sabores. Também desperta a curiosidade, aguça as sensações e faz a gente trocar e descrever o que estamos sentido.

Criatividade em jogo
Depois da degustação nas barricas e de marcar bem o perfil de cada um dos vinhos, vamos desenvolver o nosso blend, fazer a alquimia, juntar o que mais gostou de cada uma para criar a nossa assemblagem. Usar nossos sentidos e criatividade para desenvolver o nosso blend de madeiras brasileiras e viver a experiência da assemblagem como os enólogos fazem.
E a experiência não pára por aí! Tem que envasar o corte, colocar a rolha e fazer o rótulo. Depois de aprender sobre madeiras brasileiras, marcar o perfil sensorial delas, ainda levamos para casa uma garrafa com a nossa criação!
Degustação dos rótulos
Além da experiência das madeiras brasileiras, a Arte Viva também tem varejo e degustação dos rótulos. Já que estava por lá, por que não, né?
Começamos pelo Sauvignon Blanc, com passagem por barril de Grápia, elegante, com ervas finas e locais como poejo, acidez marcante. O segundo, um Rosé de Pinot Noir, com Marselan e passagem por Bálsamo. Finalizamos a linha sinônimos com o Tinturé, tinto de corte, com passagem por amburana.
Para finalizar e se emocionar, vinhos das meninas Juju e Malu. E por sorte, elas estavam lá mostrando a essência e as características que depois o pai enólogo traduziu para o vinho, tal qual um artista. Vinhos com identidade, elaboração de vinhos como uma arte. Arte viva, pois, tudo se transforma, inclusive o vinho!

Arte Viva
Caminhos de Pedra: Linha São Pedro, 195, Distrito de São Pedro, em Bento Gonçalves
Diariamente, das 9h30 às 17h30
@vinicolaarteviva
Experiência Madeiras Brasileiras
Valor: R$ 300 (com a garrafa do blend inclusa)
Degustando a Arte da Vida: R$ 30 a taça.