A origem da palavra azeite já define o produto. Do árabe az-zait, significa suco de azeitona. E quando falamos de suco, quanto mais fresco melhor. A oliva também é símbolo de prosperidade e sabedoria e, não à toa, a coroa de folhas até hoje representa os jogos olímpicos. Uma árvore linda, de verde acinzentado, que embeleza, conta história e enriquece o sabor nos pratos.
Estar num olival é viver um pouco da mitologia, é ser um pouco Atena e proporciona uma sensação superagradável. A experiência de sentir os aromas, as texturas das folhas e o óleo da própria fruta é encantadora.

Experiência sensorial
Por isso, viver o festival de azeite e ter contato com todas as fases da azeitona é uma oportunidade especial. Inicia com uma imersão 360º, que conta a origem e a cultura. Depois, ocorre a primeira fase sensorial: uma degustação de azeites, com a técnica de aquecer o copo para sentir melhor os aromas, e, posteriormente, uma sequência de harmonização, com azeites infusionados e petiscos. Aliás, prepare-se para uma descoberta incrível: azeite com chocolate. Sim!
Terminada a fase de degustação, entramos em um trem para conhecer os olivais e descobrir as variedades de olivas, apreciando uma vista de tirar o fôlego, de tão bonita! Ao fundo, a vista para o cânion Pedras Brancas endeusa a experiência ainda mais. Recuperados do impacto, fomos até a quadra A, onde estavam as olivas de Koroneiki nos esperando para a colheita.
A retirada dos frutos pode ser manual ou com ajuda de um garfo, mas é preciso ter cuidado para não machucar a oliva, que tem película sensível e pode oxidar os polifenois a qualquer batida. Uma sensação tátil diferente é retirar as azeitonas dos galhos. Quem gosta de experimentar, vale a pena provar a oliva direto do pé para sentir seus polifenois, o amargor e a untuosidade do óleo. Não é muito agradável, confesso, mas é ótimo para marcar o sensorial e conhecer a fruta in natura.
Terminando a colheita, as olivas vão direto para o lagar, local onde acontece a extração do óleo. E quanto mais rápido for isso, melhor a qualidade do azeite, visto que conseguem manter a temperatura da fruta, além de evitar que a oliva fique batendo e se machucando.
Para elaborar um litro de azeite, precisa em média 10kg de oliva, ou seja, cerca de 2 mil unidades. Depende da variedade, mas essa é a média. Me dediquei a colher essa quantidade para garantir um litro para levar para casa — brincadeira.
A extração é muito rápida, entra a azeitona por um lado, acontece a moagem e prensagem e, na mesma hora, vemos o óleo escorrendo ao final do processo. Esse, chamamos de óleo “novello”, novo em italiano, não filtrado e que já pode ser consumido. E, claro, fizemos isso! Mas, usualmente, esse óleo vai para um tanque de armazenamento para decantar e ser envasado posteriormente. A data do engarrafamento é a nossa diretriz em relação a jovialidade do produto. Depois de aberto, o ideal é consumir em até 60 dias para manter o frescor e a qualidade do azeite, então, embalagens pequenas são bem-vindas para que sempre se consuma um bom óleo.
Uma experiência única e que vale muito a pena. E ainda tinha como melhorar, acreditam? Sim, após extrair o azeite, fomos brindar o festival no meio dos olivais, com uma linda mesa de antepastos, chamado na Olivas de Gramado de piquenique toscano. Entre queijos, charcutarias e frutas da estação tinha azeitonas em conserva e óleos infusionados para agregar valor. Para brindar, chope de oliva, um pouco das folhas dentro para dar sabor e um leve amargor. Combinou perfeitamente com o fim de tarde de calor no meio do olival.
Se pensaram que termina por aí, estão enganados. Após todo o dia de experiência, de nos sentirmos um pouco Atenas, o festival no Sunset da Oliva finalizou com um pôr do sol de emocionar, de arrepiar com o canion ao fundo e ao som do sino e do sax para embalar. Tudo parece que foi colocado no lugar — até o sol. Uma experiência que antes de ir embora já dá vontade de voltar.
