O QUE É: o Naval é um dos restaurantes mais clássicos de Porto Alegre
IDEAL PARA: ir com os amigos, com a família ou mesmo sozinho
PROVAMOS E RECOMENDAMOS: tainha da casa (R$ 125); bolinho de bacalhau (R$ 38); chopp 500mL (R$ 15,80)
Essa é uma experiência histórica. Não porque a minha experiência pessoal no Naval tenha sido histórica - e foi ótima -, mas porque o local é histórico: fica no centro histórico, em um prédio histórico e que era ponto de encontro de personagens históricos de Porto Alegre. E qualquer nova experiência se torna pequena para quem imagina os encontros que já devem ter acontecido em um lugar como o Naval.
Antes de ir, eu li o texto que o Diogo escreveu sobre o "violento" mocotó do Naval. Vale a pena dar uma olhada, nem que seja para ver como era tudo antes da reforma. Bom, o lugar mudou e o cardápio também, mas a essência continua lá.
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E quando eu falo essência, eu falo dos detalhes. Tipo a plaquinha simples na entrada para quem chega pelos corredores do Mercado Público. Ou as cadeiras, que lembram as que Lupicínio Rodrigues se sentava para, imagino eu, afogar as mágoas ou curtir uma dor-de-cotovelo do jeito certo: rodeado de amigos e com a mesa cheia de comida.
Quando consegui uma mesa no restaurante lotado, procurei bem ao redor para ver se, por acaso, pelo menos por um segundo, eu conseguiria ver o Lupi sentado em algum canto.
E tenho certeza que, se ele estivesse ali, teríamos trocado um sorriso e um olhar de quem inveja um ao outro. Eu, por não ser genial como ele. Ele, porque não estaria acompanhado da mulher mais linda que já sentou em uma daquelas cadeiras - já que ela estava bem na minha frente.
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Uma cadeira que foi usada pelo Lupicínio, inclusive, é uma das muitas relíqueas do restaurante que até pouco tempo era chamado de bar.
Os quadrinhos, recordações de 112 anos de movimento, seguem nas paredes mesmo depois da reforma.
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E eles são testemunhas de todas as mudanças de uma cidade que, às vezes, parece que esqueceu do que é realmente importante. Por isso, beber um chope no Naval é como participar de uma exposição interativa. É quase uma homenagem à Porto Alegre das antigas, em que a única preocupação de quem ia ao bar era se a cerveja estava gelada.
Como eu disse antes, o cardápio mudou faz alguns anos. Não tem mais o "violento mocotó" que era servido nas terças e quintas. Agora o forte do Naval é frutos do mar e peixes. Por isso, pedimos uma porção de bolinhos - de bacalhau, é claro (R$ 38), a melhor harmonização possível para um bom chope.
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Enquanto intercalava mordidas e goles, fiquei encarando por um tempo o pedaço da parede que ainda conserva os azulejos originais do Naval.
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E quando chegou a tainha da casa (R$ 125), com arroz, frutos do mar, pirão e batatas, eu só conseguia pensar em uma coisa.
Talvez nós sejamos como restaurantes, e por isso precisamos de uma reforma para seguir em frente de vez em quando. Mas precisamos também guardar um cantinho para lembrar do que éramos antes, e de todo mundo que passou.
O Naval já não tem mais o Lupicínio rabiscando composições, nem o mocotó das terças e quintas. E se um dia não tiver mais chope e bolinho de bacalhau, tudo bem. O prato principal já foi servido e a porção vai durar para sempre: é história.
Restaurante Naval
Endereço: Fica no Mercado Público de Porto Alegre
Horário de funcionamento: de segunda a sábado, das 11h às 22
Telefone: (51) 3224-4229
Reservas: não precisa, é só chegar cedinho
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Se você gosta de comer e beber bem, e de falar sobre isso, vai gostar também do nosso podcast. O Foodcast é um papo descontraído da equipe de Destemperados sobre gastronomia, dá o play aí!
* Conteúdo produzido por Felipe Costinha