O QUE É: o 15º melhor restaurante do mundo
IDEAL PARA: um almoço com uma vista incrível
PROVAMOS E RECOMENDAMOS: beef tartar com pike caviar e molho de mostarda e o bolo de mel
Quem me conhece sabe que eu sou doida por viajar, mais ainda quando a viagem envolve experiências gastronômicas incríveis como essa que vou contar pra vocês. No ano passado, resolvi passar 30 dias sozinha no leste europeu, começando pela Rússia e descendo até a Eslovênia. Além das paisagens incríveis e muita, mas MUITA história, essa parte do continente oferece uma gastronomia muito rica, com sabores inusitados e muita bagagem de uma região que tanto mudou política e socialmente nos últimos séculos.
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Mas agora vamos falar da Rússia! Eu queria MUITO ir para lá, sonhava em visitar desde as aulas de história no colégio e, depois da Copa do Mundo de 2018, tomei coragem e fui sozinha ver com os meus próprios olhos esse lugar que tanto queria conhecer. A herança cultural e histórica se reflete em uma culinária que traz resquícios do período soviético, mas que nos últimos 30 anos voltou a explorar ingredientes e sabores de forma mais criativa e experimental.
O chef Vladimir Mukhin é um dos grandes nomes dessa reinvenção da culinária russa. Vindo de uma família de chefs, sua relação com a comida vem desde o berço, e a necessidade de buscar novas maneiras de cozinhar e apresentar as receitas centenárias foi vista como muito ousada e até mesmo pretensiosa no começo mas hoje, o reconhecimento merecido dado ao chef não deixa dúvidas do quanto ele está fazendo pela gastronomia do país.
Feita a introdução, vou contar como foi a minha experiência no White Rabbit, eleito em 2018 como o 15º melhor restaurante do mundo pela The World’s 50 Best. Nunca fui muito apegada a essas coisas de restaurante premiado, mas sempre fui de fuçar na internet, pedir dicas e já ir com uma listinha pronta de lugares pra comer nas minhas viagens, do restaurante chiquérrimo até o bandejão sem frescura. Enquanto planejava essa viagem, uma das unanimidades foi o White Rabbit, recomendado por 9 em cada 10 sites em que procurei.
Cabe ressaltar que fui almoçar lá depois de uma longa manhã turistando pela cidade, então já cheguei com a testa suada, de camiseta e all star, e em nenhum momento me senti discriminada pela vestimenta, pelo contrário, fui muuuito bem atendida! Diferente da maioria dos locais em Moscou, todos os atendentes no White Rabbit falam inglês muito bem, e são muito solícitos para explicar as opções do menu.
O restaurante é absurdamente lindo, localizado no último andar de um prédio na área central da cidade, o local é todo envidraçado e tem vista para uma das 7 irmãs de Stálin (denominação dada para os 7 arranha-céus construídos durante o governo do ditador). Além de tudo isso, a decoração é inspirada em Alice no País das Maravilhas, com móveis coloridos e uma atmosfera um pouco macabra.
Brasileira que sou, errei o horário do almoço, mas ganhei um restaurante só pra mim (os Russos tem o hábito de almoçar por volta das 14h, e eu tava lá de prontidão ao meio-dia). Sentei numa mesa com vista super privilegiada e escolhi o que eu iria experimentar.
De entrada, optei por um beef tartar com pike caviar e molho de mostarda. Apresentação impecável e delicioso, o prato vinha acompanhado de um pãozinho preto e um quadradinho de melancia temperada com pimenta (vou ficar devendo pra vocês a explicação dessa melancia aleatória, mas foi bem interessante a mistura de sabores).
Hora do prato principal! Minha escolha foi o T-bone de cordeiro com batatinhas e molho de pimenta preta. A carne derretia na boca e harmonizava muito bem com o lindo e delicioso molho. A porção só poderia ser um pouquinho maior né...
Hora da sobremesa e eu já sabia na ponta da língua o que ia pedir. Quando eu assisti o episódio do Vladimir no Chef’s Table (vejam!!), conheci a história do famoso bolo de mel do White Rabbit, inspirado no que a avó do chef fazia quando ele era criança.
Assim como toda a proposta do restaurante, a sobremesa é uma releitura de um prato típico russo, modernizados com a mistura de novos ingredientes e apresentação desconstruída. Não preciso dizer que o bolo era delicioso, né? Mas o mais genial pra mim foi que junto com o prato vinha um quadradinho da receita original da avó do Vladimir, saber dessa história só deixou a experiência ainda mais especial.
Foi um almoço lindo, em que pude aproveitar a minha própria companhia, experimentar novos sabores e entender mais aspectos dessa cultura tão interessante que é a russa. Quando eu conto essa experiência para os meus amigos já sei que vem a pergunta “ta mas, quanto tu gastou nessa brincadeira?” e gente, foi o equivalente a 250 REAIS. Entrada, prato principal, sobremesa, taça de vinho e água me custaram 3500 rublos russos (ou 50 euros) em um dos melhores restaurantes do mundo!!
Se eu pudesse dar uma dica pra você que leu esse relato até o final é: explore ao máximo a culinária dos locais pra onde você viaja, desde a comida de rua até o restaurante premiado, pois a comida reflete a história desses lugares e deixa memórias que não ficam somente na cabeça, mas também no coração.
Bálshôí spásíba White Rabbit!
WHITE RABBIT
Endereço: Smolenskaya Square, 3, Moscou, Rússia, 121099
Reservas: whiterabbitmoscow.ru
Instagram: @whiterabbitmoscow
* Conteúdo produzido por Júlia Guzenski