Em comemoração aos 30 anos de atividades, a Companhia de Dança Deborah Colker está com um novo espetáculo em cartaz: Sagração. Nesta versão, a música clássica do compositor, pianista e maestro russo Ígor Stravinski encontra ritmos brasileiros inspirados por visões ancestrais sobre a origem do mundo.
Após a estreia no Rio de Janeiro, a companhia desembarca no Rio Grande do Sul para três apresentações. Nos dias 19 e 20 de abril, os artistas sobem ao palco do Teatro do SESI, em Porto Alegre, e no dia 22 de abril, no Teatro Feevale, em Novo Hamburgo.
O espetáculo é apresentado pelo Ministério da Cultura e pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura - Lei Rouanet, Ministério da Cultura e Governo Federal. A direção artística é da bailarina e coreógrafa Deborah Colker.
Conforme ressalta a figurinista da companhia, Claudia Kopke, as concepções do figurino surgiram a partir das suas visitas para assistir aos ensaios de Sagração e das conversas com Deborah. Junto a sua equipe, desenvolveu diversas pesquisas de imagens que conversavam para representar aqueles corpos que contavam a criação do mundo.
– Desde o início, com a Avó, passando pelas bactérias, Caça, Eva, Serpentes e Reconhecimento do Corpo, todas as peças passaram por vários processos. Todo o meu trabalho desde o espetáculo Cão Sem Plumas, é bastante orgânico e a execução do figurino de Sagração foi feita artesanalmente, sendo grande parte confeccionado à mão – explica.
Já o responsável pela direção musical, Alexandre Elias, ressalta que o espetáculo possui uma costura entre a música da Sagração da Primavera de Stravinsky com os povos originários brasileiros.
– Eu mordi, mastiguei, comi, salivei e cuspi Stravinsky. Estudei muito essa obra. Vi que teve influências das músicas pagã, folk e primitiva. Fiz o mesmo percurso, mas aqui, no Brasil, viajei para o Xingu, Maranhão, e busquei ali referências nos elementos da floresta e na nossa ancestralidade – diz.
Em entrevista, a diretora artística que dá nome à companhia, Deborah Colker, comenta mais particularidades de Sagração. Em seu currículo, Deborah tem a criação de um espetáculo para o Cirque du Soleil e a direção de movimento da cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro.
Como surgiu a ideia de criar o Sagração? E o que os espectadores podem esperar deste espetáculo?
Sagração é um desejo antigo meu. Essa obra rompeu a estética musical e foi criada para ser dançada, por isso, eu sabia que em algum momento precisaria realizá-la. Eu queria, por meio da dança e dessa música tão revolucionária, provocar uma homenagem. Essa obra, então, nasce do desafio de mergulhar na Sagração da Primavera de Stravinsky (1913). Pensadores evolucionistas e mitos de criação de várias cosmovisões foram habitando minha mente nessa busca. Eu queria fazer uma Sagração do ponto de vista do Brasil, da nossa floresta, da nossa sonoridade.
Como foram as escolhas do elenco e dos elementos cênicos?
A companhia possui 15 bailarinos fixos que dançam todo o repertório. Para mim, o corpo e o espaço precisam cada vez mais estar carregados de sentido, de significado. E eu parti desse princípio quando pensei nos elementos cênicos de Sagração. Por conta da nossa missão de trazer Stravinsky para o Brasil, era importante para mim representar as nossas florestas de alguma forma no espetáculo. E o caminho que eu encontrei foi o bambu – são 170 bambus de quatro metros de altura em cena – eles podem construir muitas coisas, como um barco, uma oca ou uma floresta. E eu fui entendendo que seria por meio deles que eu contaria a história dessa Sagração.
Quais foram os retornos de que quem já assistiu? O que os gaúchos podem esperar desta obra?
Até agora, Sagração tem sido muito bem recebido pelo público e pela crítica, e os comentários nas redes sociais são elogiosos. Espero que o público embarque na aventura dessa obra, que é uma viagem musical, uma composição incrível do Stravinsky com bordados da nossa sonoridade brasileira.
SERVIÇO
O QUE?
Espetáculo Sagração, com a Companhia de Dança Deborah Colker
QUANDO E ONDE?
19 e 20 de abril, no Teatro do SESI, em Porto Alegre
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22 de abril, no Teatro Feevale, em Novo Hamburgo
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