Por Caio Callegari, mestre em administração pública e governo pela FGV e coordenador de inovação em políticas do Instituto Unibanco, e Felipe de Souza, mestre em gestão e políticas públicas e coordenador de implementação de políticas do Instituto Unibanco
O mês de janeiro marca a posse de 2 mil novos diretores das escolas estaduais do Rio Grande do Sul. Selecionados por critérios técnicos e por eleição da comunidade, estes profissionais terão alto impacto na qualidade da educação do Estado. É preciso ter nitidez de que o sucesso educacional passa, de forma incontornável, pela valorização e pelo apoio à gestão escolar.
O novo ciclo começa com um acerto: todos os novos gestores foram formados antes de começarem na função, com preparação em dimensões basilares da gestão escolar. Mas a qualidade do exercício profissional também pressupõe seguir investindo na formação continuada. Para que seja eficaz e aderente, esta precisa considerar a escuta do público beneficiário.
Um segundo acerto é que esta escuta já foi feita. Os dados dessa escuta mostram, por exemplo, que os gestores consideram fundamental uma formação que contemple a interação com os pares. Também mostram que os gestores priorizam desenvolver competências de engajamento da comunidade escolar, de promoção da equidade educacional e da segurança escolar, e de implementação de estratégias de permanência dos estudantes.
O sucesso educacional passa, de forma incontornável, pela valorização e pelo apoio à gestão escolar
Essa síntese reflete alguns dos principais desafios da rede gaúcha atualmente. A redução do abandono escolar, por exemplo, é hoje o maior gargalo para o Rio Grande do Sul avançar no Ideb, o principal índice de qualidade da educação brasileira.
Além disso, dados recentes do Ministério da Educação revelam que as desigualdades entre os estudantes têm aumentado. No Rio Grande do Sul, cresceu o percentual de estudantes pretos, pardos e indígenas com desempenho escolar considerado inadequado, entre 2019 e 2023.
Avançar de forma contundente nesses desafios deve ser um compromisso de toda a sociedade, mas os novos gestores terão papel de liderança nas transformações educacionais que o Estado precisa implementar. Isso é essencial para reverter as consequências das calamidades públicas recentes e desenvolver plenamente os direitos dos estudantes à educação de qualidade.