Estamos apenas nas indicações ao Oscar 2025, mas Ainda Estou Aqui já fez história em nome do cinema nacional ao conquistar três indicações na premiação. Além de melhor filme internacional e melhor atriz para Fernanda Torres, o longa dirigido por Walter Salles alcançou um feito inédito: a nomeação a melhor filme, algo ainda sem precedentes para uma produção falada em português brasileiro.
Mas lá em 1986, o Brasil também era, parcialmente, representado pelo drama O Beijo da Mulher-Aranha nas indicações do Oscar. Dirigido pelo argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco, o longa foi indicado nas categorias de melhor roteiro adaptado, melhor direção, melhor ator para William Hurt e melhor filme.
No entanto, se tivesse conquistado o prêmio principal da noite, a tão sonhada estatueta dourada não viria para terras brasileiras. O motivo é devido ao fato de o filme ser uma coprodução com os Estados Unidos — além da HB Filmes, produtora de Babenco, o filme também era produzido pela Sugarloaf Films, Inc. e FilmDallas Pictures, ambas estadunidenses — fora que a história é inteiramente falada em língua inglesa. Então não era considerada uma produção 100% brasileira para a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
Embora não tenha levado o prêmio máximo — que acabou ficando para Entre Dois Amores, de Sydney Pollack —, o longa não saiu de mãos abanando: William Hurt abocanhou o Oscar de melhor ator.
Além disso, os estadunidenses foram os primeiros a assistir ao filme, que se passa dentro do contexto da ditadura militar no Brasil, visto que O Beijo da Mulher-Aranha foi lançado em 26 de julho de 1985 nos Estados Unidos e em 13 de abril de 1986 no Brasil.
Já no caso de Ainda Estou Aqui, o cenário é um pouco diferente. O filme foi realizado majoritariamente por produtoras brasileiras, como a Conspiração Filmes e o Globoplay, com coprodução da Arte France Cinéma. Mesmo não sendo fatores determinantes, a produção conta com equipe, elenco e roteiro brasileiros, abordando uma história profundamente conectada ao Brasil entre 1964 e 1984.
Por isso, pode-se considerar que Ainda Estou Aqui alcançou um feito inédito: ser o primeiro filme majoritariamente brasileiro em termos de produção e falado em português do Brasil a ser indicado ao principal prêmio do Oscar. Agora, resta torcer por mais uma conquista histórica.