
Jesse Eisenberg interpretou Mark Zuckerberg, no filme A Rede Social (2010), que o rendeu uma indicação ao Oscar de melhor ator. Agora, 15 anos depois, o ator afirmou que não quer mais ser visto como alguém associado ao fundador do Facebook.
Em entrevista à BBC News, o ator expressou preocupação com as recentes decisões da Meta, principalmente o fim da checagem independente de fatos na plataforma.
— Esse cara está fazendo coisas problemáticas, tirando a checagem dos fatos. Há preocupações com a segurança. Tornando as pessoas já ameaçadas no mundo ainda mais ameaçadas — disse Eisenberg ao programa Today, da BBC Radio 4.
A Meta anunciou em janeiro que substituiria os verificadores de fatos terceirizados por "notas da comunidade", em um modelo semelhante ao do X (antigo Twitter).
Big techs
A justificativa de Zuckerberg foi de que os moderadores anteriores eram "politicamente tendenciosos" e que a mudança reafirmaria o compromisso da empresa com a liberdade de expressão. Na entrevista, Eisenberg demonstrou preocupação com o impacto dessas mudanças.
— Essas pessoas têm bilhões e bilhões de dólares, mais dinheiro do que qualquer ser humano já acumulou, e o que estão fazendo com isso? — questionou o ator.
Ele sugeriu que a decisão da Meta pode ter motivações políticas. Além disse, ressaltou que representantes de big techs estão fazendo isso para ganhar o favor de alguém que está pregando ódio. O ator destacou que sua visão não se baseia apenas em sua experiência no cinema, mas também em sua vivência pessoal.
— Sou casado com uma mulher que ensina justiça para pessoas com deficiência em Nova York, e a convivência com seus alunos vai ficar um pouco mais difícil este ano — disse.
Eisenberg é casado com Anna Strout, com quem tem um filho. Os dois se conheceram no set de um filme, em 2001, e casaram em 2017. Anna trabalhou na indústria do entretenimento, segundo a People, atuando como assistente de produção e gerente assistente. Agora, ela ensina em organizações sem fins lucrativos que apoiam vítimas de violência doméstica e abuso sexual.
Meta e Trump
A mudança na política da Meta ocorreu em meio a tentativas de Zuckerberg de melhorar a relação com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O republicano e aliados criticavam a empresa por supostamente censurar vozes conservadoras.
Após o fim da checagem de fatos, Trump elogiou a decisão, afirmando que a Meta havia "percorrido um longo caminho". No dia 29 de janeiro, o ex-presidente assinou um acordo legal que obriga a empresa a pagar cerca de US$ 25 milhões (cerca de R$ 145 milhões).
Trump processou a Meta e Zuckerberg em 2021, após ter suas contas suspensas devido aos ataques ao Capitólio em 6 de janeiro daquele ano.
Nova fase na carreira
Enquanto se distancia de Zuckerberg, Eisenberg está promovendo seu novo filme, A Real Pain, que escreveu, dirigiu e protagoniza. A comédia dramática acompanha dois primos em uma viagem à Polônia para homenagear a avó falecida e visitar locais históricos do Holocausto.
Inspirado na própria família do ator, o filme foi rodado na casa onde seus antepassados viveram na Polônia. A obra rendeu a Eisenberg uma indicação ao Oscar de melhor roteiro, e seu colega de elenco, Kieran Culkin, concorre na categoria de melhor ator.
— Netos de sobreviventes do Holocausto devem acordar todas as manhãs, sair e beijar o chão por estarem vivos e agradecer a qualquer deus a quem rezem — já que o mundo não queria que eles estivessem vivos — disse Eisenberg.