Foram longos meses para Leonardo Meireles desde o início de novembro até a última segunda-feira. Do momento em que entregou a última prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) até a divulgação do resultado do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que utiliza as notas do Enem para definir quem terá vagas em universidades públicas, muita unha foi roída e muitos planos desenhados.
O desfecho da espera foi o melhor possível: Leonardo passou no curso de Psicologia na conceituada UFCSPA, sua primeira opção do Sisu, com 720 pontos – suficiente para conquistar uma vaga dentro do sistema de cotas para Escolas Públicas.
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– É uma longa espera desde que a prova do Enem é feita, muita coisa pode acontecer, e de repente você descobre que conseguiu alcançar seu objetivo. Estou muito feliz – celebra o estudante de 24 anos.
Ele chegou a iniciar o curso de engenharia na Ufrgs, mas decidiu se direcionar para a área da saúde. Agora, com a vaga garantida, celebra e se prepara para a matrícula, a partir de sexta-feira. Como o resultado saiu na manhã de segunda-feira, ao final da tarde ainda nem tinha avisado os pais da conquista, que moram em Santa Catarina. Ostentar a vaga? Nem pensar.
– Sou discreto, não gosto muito de compartilhar no Facebook ou sair contando pra todo mundo. Tem muita gente que fez o Enem e infelizmente não conseguiu uma vaga. Evito propagandear em respeito aos outros candidatos – explica.
Perfil bem diferente ao de Dirciéllen Weber, 22 anos. Também aprovada na UFCSPA, em Medicina, em poucos minutos compartilhou com os amigos do Face e até mudou a foto de perfil na rede social, colocando uma montagem do filme Poderoso Chefão com os dizeres "Bixo em Medicina". Em breve, estenderá uma faixa – já encomendada – em frente à sua casa, em São Leopoldo. Tentava a vaga desde os 18 anos.
– O Sisu é torturante, todos os dias após a divulgação da nota você tem oportunidade de trocar de universidade, e fica acompanhando em tempo real como está a nota de corte (que define os padrões mínimos para ingressar no curso desejado). E neste ano teve dois dias a mais. É bem tenso – desabafa.
Dirciéllen também tentou vestibular para medicina na UFRGS, e chegou a suplente. Aguarda, mas só por formalidade, a nova chamada, já que irá optar pela UFCSPA. Ela identifica profundas diferenças no sentimento de espera dos vestibulares e do Sisu. No seletivo da UFRGS, o resultado sai duas semanas depois. E, quando o listão é divulgado, o clímax está naqueles poucos segundos até encontrar (ou não) o nome na lista.
– São sistemas totalmente diferentes, inclusive no conteúdo: a prova da UFRGS é mais catedrática, o conteúdo costuma se repetir. O Enem dá mais espaço para eventos atuais, não é tão conteudista – complementa Leonardo Meireles, que também tentou UFRGS, para Medicina, mas não foi aprovado.
Para quem bateu na trave, o jeito é esperar a chamada do meio do ano. Bruno da Silva Martins, 19, tentou ingressar em Engenharia Hídrica, mas não alcançou a nota necessária para a UFRGS. Com sua nota de Sisu, até poderia ingressar em universidades de outros Estados, como Santa Catarina e São Paulo, e no Interior do Estado. Mas esbarraria na questão financeira – uma barreira para muitos alunos que conseguem superar a nota de corte em universidades afastadas de suas cidades.
– Hoje moro com meus pais, e teria de gastar com moradia, alimentação etc. Ficaria complicado. Vou esperar a convocação dos candidatos em lista de espera, e, se não der, tento de novo – projeta.