A nosso convite, personalidades do Rio Grande do Sul irão contar onde gostam de estar no veraneio e por quê. Pode ser um lugar à beira-mar ou em qualquer outro local — no litoral, no mato ou na cidade. Vale tudo.
A série já teve a participação da jornalista Cris Silva, apresentadora do Baita Sábado, na RBS TV, do cantor e compositor Duca Leindecker, do músico Ernesto Fagundes e do Guri de Uruguaiana, personagem criado por Jair Kobe.
A seguir, confira a escolha de dom Jaime Spengler, cardeal e arcebispo de Porto Alegre.
A escolha do dom Jaime
Dom Jaime Spengler, cardeal e arcebispo de Porto Alegre, tem o dom da palavra. Parte dessa habilidade vem da leitura. O padre cataúcho (catarinense de nascença e gaúcho de coração, como ele próprio costuma dizer) é um leitor voraz.
Quando perguntei qual é a praia dele no verão, o sacerdote não podia ter outra resposta: dom Jaime passa o veraneio lendo na Cúria, o belo prédio junto à Catedral Metropolitana, no centro da Capital.
A única exceção à regra são "dois dias na nossa casa em Cidreira" — a residência mantida pela arquidiocese na praia do Litoral Norte. Nesses dois dias, o cardeal veste o calção de banho e passa horas no mar, mas não demora a retornar aos livros.
— A minha praia é no meu espaço de trabalho — diz dom Jaime, sorrindo.
Ele planeja ler diferentes obras em janeiro e fevereiro. Entre elas, estão livros religiosos, incluindo textos sobre os Evangelhos e um tratado de teologia de 300 páginas escrito pelo cardeal Joseph Ratzinger, o Papa Bento 16, falecido em 2022.
— Depois, quero terminar de ler um livro que está me chamando muita atenção: o último do Harari (escritor israelense Yuval Noah Harari), Nexus. Já comecei a leitura e está sendo muito interessante. Nós, que vivemos nesse momento marcado pela dinâmica das redes sociais e pela inteligência artificial, precisamos conhecer melhor essa realidade — diz o cardeal.
Dom Jaime está coberto de razão.
Sobre a Cúria Metropolitana
Localizada atrás da Catedral Metropolitana, a Cúria (Rua Espírito Santo, 95) é a sede administrativa da Arquidiocese de Porto Alegre. Idealizado pelo engenheiro francês Jules Villain, o prédio é considerado um Patrimônio Histórico e Cultural da cidade.
A edificação de três pavimentos teve a pedra fundamental lançada em 1865 e a construção finalizada em 1888, sob supervisão do arquiteto Johann Grünewald.
Desde 2023, o local passa por restauração com custo estimado de R$ 10 milhões, obtido por meio de recursos próprios e patrocínios captados via Lei Rouanet. As obras inclusive revelaram na fachada principal palavras escritas em latim, na cor dourada, datadas de 1869.
Outra curiosidade sobre o local é que a área abrigou o primeiro cemitério oficial de Porto Alegre, entre 1772 a 1850. Durante outra reforma, em 2012, restos mortais de mais de 50 pessoas foram encontrados sob o antigo piso de concreto.
Para quem quer conhecer o prédio histórico, uma dica é o projeto Visitas Culturais, que promove passeios pelos bens da Arquidiocese de Porto Alegre. A primeira visitação de 2025 está prevista para 21 de março e inclui a Cúria Metropolitana no roteiro. Mais informações sobre datas e ingressos podem ser consultadas nas redes sociais oficiais da iniciativa e pelo email visitasculturais@arquipoa.org.br.
*Colaborou Maria Clara Centeno