Foram registradas por banhistas imagens da Lagoa dos Patos com a água esverdeada neste final de semana. A água verde foi observada em Tapes, principalmente na praia da Pinvest. Conforme o professor do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal de Rio Grande (Furg), Carlos Rafael Mendes, trata-se de um fenômeno frequente no verão, causado pela disseminação excessiva de microalgas.
— Com a temperatura mais quente e a alta luminosidade, por conta dos dias mais longos, há condições propícias para proliferação dessas microalgas. A água fica mais densa, como uma nata, por haver uma quantidade muito grande desses microrganismos, que acabam provocando essas mudanças — explica o especialista, que destaca que isso não causa mau cheiro na água.
O fenômeno costuma ser observado também nas regiões de São Lourenço do Sul, Camaquã e Arambaré, por exemplo. De acordo com Mendes, embora a água fique mais quente e agradável para os banhistas nessas condições, é recomendável evitar o contato com a lagoa enquanto não for confirmada a espécie de microalga.
Caso contenha cianobactérias tóxicas, a água contaminada pode provocar irritação na pele e até náuseas e vômito, em casos mais graves. Portanto, é necessário aguardar a análise de amostras da água, alerta o professor.
Os pontos de água esverdeada vinham sendo observados ao longo da semana na região, conforme o secretário de Meio Ambiente de Tapes, Eliézer Munhoz. Ele destaca que, neste domingo (19), praticamente toda a orla amanheceu com essa coloração.
— A orientação é que se tenha atenção e se evite o contato, principalmente de crianças, que podem ingerir a água, pois essa floração de cianobactérias pode liberar toxinas, o que só deve ser comprovado com a análise da água — afirma o secretário.
Balneabilidade
O quinto boletim do projeto Balneabilidade 2024-2025, divulgado nesta sexta-feira (17) pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), indica os pontos próprios para que os banhistas se refresquem no Estado. De acordo com o levantamento, entre os nove pontos impróprios está Balneário Rebelo, em Tapes.
Pela legislação vigente, existe um limite de cianobactérias por mililitro (ml) aceitável para que a água seja própria para banho, segundo Munhoz. A análise da água é realizada semanalmente.
Ou seja, ainda não é possível garantir a segurança do banho nos locais com a água esverdeada. Mas, normalmente, o fenômeno dura menos de uma semana, uma vez que os microrganismos se proliferam de forma excessiva e, rapidamente, consomem todo o oxigênio e nutrientes necessários para sua sobrevivência.