A Volkswagen lançou nesta quarta-feira (10) seu último Beetle, de um metálico brilhante, produzido em sua fábrica na cidade mexicana de Puebla e herdeiro de luxo do lendário Fusca, ou simplesmente Vocho, em mexicano.
Com música mariachi, assobios e aplausos, o último veículo produzido na fábrica de Puebla, uma das maiores do consórcio alemão no mundo, avançou na linha de montagem para acabar com uma produção que somou mais de 1,7 milhões desde 1997.
Dezenas de trabalhadores se reuniram desde muito cedo para dar os retoques finais à nova unidade, que foi montada do início ao fim em sete horas.
"Obrigada, Beetle" era lido em casacos amarelos brilhantes usados por trabalhadores. Ainda que a atmosfera fosse festiva, era também temperada com a nostalgia de encerrar a produção de um dos carros mais emblemáticos da empresa alemã.
Os últimos 65 modelos do Beetle Final Edition serão vendidos no México apenas pela internet e a um preço de US$ 21 mil para o modelo básico e podem ser retirados após o pagamento de cerca de US$ 1 mil. Cada veículo tem uma placa comemorativa de 1 a 65 no lado esquerdo e estará disponível em azul metálico, preto, branco e bege.
O Beetle foi o herdeiro do lendário sedan VW, concebido desde a década de 1930, no auge do nazismo, e que foi produzido até 2003 – o último modelo também saiu desta fábrica, localizada no centro do México, país onde o Vocho era o carro autêntico do povo por ser "bom, bonito e barato".
Mas ao contrário do Vocho, que sempre foi o carro mais barato no mercado mexicano, o Beetle é considerado um carro de luxo, seu preço é o dobro dos outros modelos de sedan, então a popularidade era muito menor e pouco visível nas ruas da caótica Cidade do México.
História do carro mais icônico da Volks
- O Fusca nasceu a pedido do ditador alemão Adolf Hitler. Segundo historiadores europeus, o líder nazista queria melhorar a imagem de seu país e apostava na criação de um carro popular, que pudesse ser comprado por boa parte das pessoas. O projeto foi encomendado para o engenheiro austríaco Ferdinand Porsche.
- Foram três anos de trabalho até o lançamento em 1935. O nome escolhido foi Volkswagen (carro do povo, em alemão), que anos depois virou o nome da empresa. Tinha cinco lugares (Hitler queria espaço para um casal e três crianças) e contava com motor refrigerado a ar, sistema elétrico de 6 volts e câmbio de quatro marchas. Por exigência do ditador nazista, o carro deveria ser capaz de atingir 100 km/h sem ultrapassar o consumo de 13 km/litro de combustível. Por fim, seu preço deveria ser menor do que mil marcos imperiais (ou o valor de uma boa motocicleta na época). Uma espécie de consórcio atraiu 175 mil alemães nos primeiros dias.
- Em 26 de maio de 1938 foi inaugurada oficialmente a primeira fábrica do carro que seria o mais popular do mundo. Porém, durante a Segunda Guerra Mundial, sua produção foi interrompida. Em agosto de 1945, um grupo britânico assumiu a fábrica. Em 1948, começou a exportação. Os Estados Unidos foram os primeiros a conhecer o Fusca. Os Fuscas chegaram ao Brasil em 1950, virando sucesso absoluto. A fabricação nacional começou em 1959, sendo o mais vendido até 1982. A produção parou em 1986. Depois, com o presidente Itamar Franco, teve uma sobrevida entre 1993 e 1996.
- Com um número recorde de 21.529.464 unidades produzidas, o Fusca é o carro mais vendido no mundo, mantendo basicamente o mesmo projeto. O Fusca só perde seu posto de veículo produzido por mais tempo para a Volkswagen Kombi. Vale lembrar que o último Fusca foi feito no México em 2003 (a contagem não considera o New Beetle, cujo fim da produção foi anunciada na semana passada).