O iminente rompimento do Cais Mauá terá consequências políticas e econômicas para o Estado. Cauteloso, o governador Eduardo Leite ouviu a sua assessoria jurídica antes de tomar a decisão. Mas o rompimento significa judicializar a disputa, o que já foi anunciado pelo advogados dos atuais concessionários.
Uma briga na Justiça pode levar vários anos, transferindo ao governo o ônus de ter adiado mais uma vez o fim da maior novela urbanística da Capital. Sem falar nas eventuais e indenizações em caso de derrota. Mesmo que nada tenha a ver com o imbróglio em que o caso se transformou, Eduardo Leite perde se ficar ou se correr.
Nos bastidores, profissionais ligados ao Cais Mauá falam em "muita desinformação". A principal delas diz respeito à licença para o começo das obras, que teria sido concedida dia 1 de março de 2018 e não oito anos atrás. Também consta no contrato uma cláusula prevendo que os concessionários podem solicitar a suspensão dos pagamentos ao governo em caso de não obtenção de licenças por motivos alheios à vontade da empresa.
Também sob ameaça, o Cais Embarcadeiro, solução provisória de ocupação de uma parte da área às margens do Guaíba, teve o seu projeto submetido à Superintendência do Porto de Rio Grande, que o considerou dentro do escopo do contrato de concessão. Ou seja, estão aí todos os ingredientes de uma disputa que tem tudo para se arrastar, afugentando ainda mais os investidores a condenando a cidade a continuar de costas para o Guaíba.