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A velha máxima diz que é melhor ensinar a pescar do que dar o peixe. No Brasil, no entanto, o governo parece convencido de que o caminho para melhorar seus índices de popularidade é encher cestas de peixe e distribuí-las indiscriminadamente. O problema não está em minimizar a dor de quem sofre — esse é um dever moral de qualquer sociedade. O problema está em como essa ajuda é pensada e oferecida.
O anúncio recente de que o governo federal vai ampliar a gratuidade do Farmácia Popular e conceder incentivos financeiros para que jovens terminem o Ensino Médio segue essa lógica. Isoladamente, são medidas simpáticas. O programa Pé-de-Meia é um estímulo positivo, mas deveria vir acompanhado por políticas robustas para melhorar a educação no país, com investimentos em escolas, em professores e, principalmente, em um amplo debate sobre currículos.
A política de benefícios imediatistas é um pensamento obtuso. Programas como Bolsa Família, Farmácia Popular e Pé-de-Meia têm seu papel, mas deveriam ser pontes, não muletas. Lula não gosta de reformas estruturais que gerem empregos e renda de maneira sustentável, porque seus efeitos só seriam sentidos depois da próxima eleição. Além disso, tornar a máquina estatal mais eficiente significaria mexer em cargos e em espaços de poder ocupados pelos apoiadores de Lula, mas custeados pelo povo que o presidente jura amar. Não vai aqui qualquer defesa de estado mínimo. O Estado tem de ser eficiente. A discussão sobre tamanho é secundária.
Enquanto isso, a conta da estratégia populista chega rápido — e quem paga é o próprio cidadão. Em vez de criar condições para as pessoas prosperarem, o governo se torna um distribuidor de benesses. O resultado? Uma população dependente e um crescimento econômico pífio.
O Brasil merece um sistema educacional que, de fato, prepare os jovens para a vida e para o trabalho. Em vez de dar dinheiro, oferecer um futuro de verdade. Precisamos de governos que ensinem a pescar, e não de um presidente que se orgulhe de ser um grande entregador de peixes.