A questão não é se vai ou não acontecer. É quando e como vai acontecer. O assassinato de uma jovem de 22 anos, que chegava em casa com a família em Porto Alegre, é mais um dedo na velha ferida. Ferida cada vez mais dolorida e aberta. Ferida que se renova em sua própria podridão. Conversando com a Cristina Ranzolin, no Jornal do Almoço, me ocorreu a ideia ao mesmo tempo assustadora e necessária. Ensaiar. Chegamos ao ponto que cabe a nós colocar a família no carro e simular um assalto. Filhos pequenos ou grandes.
Tanto faz.
A teoria e prática são, muitas vezes, distantes. Eu sei o que fazer: entregar tudo rapidamente, não olhar no rosto dos bandidos, evitar gestos bruscos. Mas não sei como reagirei quando acontecer. Não sei como minhas filhas e minha mulher reagirão. Ensaiar é o que nos resta. Para interpretar o papel de vítimas e acordo com o script. Qualquer descuido, qualquer palavra fora do lugar, qualquer movimento involuntário com a braço pode ser o último. E mesmo assim nada garante que um garoto drogado, nervoso e com uma arma na mão não vá puxar o gatilho sem motivo algum.
Na quinta-feira à noite fui a um churrasco com amigos. Cada um levou a sua bebida. Saindo da Zero Hora, vi um mercadinho na Rua Fabrício Pilar, Moinhos de Vento. Estacionei e entrei. Duas mulheres em estado de choque e o caixa me olharam assustados. O assalto tinha acontecido minutos, talvez segundos antes. Justiça seja feita, a Brigada apareceu logo. Mas quando a Brigada é chamada, é porque tudo já deu errado.
Peguei meu refrigerante e fui pagar com uma nota de 10. O caixa disse: "leva de graça, deixa assim que nem troco eu tenho". Entreguei a nota e disse: "Ao contrário. Fica com os 10 e que te deem boa sorte pra recuperar o prejuízo".
As mulheres assustadas e de olhos vermelhos – de choro e de choque - já tinham ligado pra casa. Uma pequena fila se formou atrás de mim.
A normalidade é teimosa, ainda bem. Insiste em voltar. O rapaz do caixa me olhou e disse: "Ainda bem que ninguém se machucou".
Ainda bem.
Mesmo que a gente mereça mais do que isso. Ainda bem. Dessa vez, ninguém se machucou.
Brexit
Não é direita ou esquerda. É mais simples e profundo. A Europa vê seu modo de vida ameaçado pela imigração e pelo terrorismo. O medo. Sempre o medo. Na raiz de tudo, boa parte cai na conta do colonialismo imposto pelos que hoje recebem o contrafluxo.
Fazer parte desse sonho chamado União Europeia tinha um preço: abrir mão de parte da soberania nacional.
"Não queremos ser Europa. Queremos ser britânicos". Esse é recado temperado pela decepção do desemprego e do crescimento econômico tímido.
O Brexit é o primeiro recado. Mas, certamente, não é o último.
Máquina
A Arena do Grêmio e o Banrisul acertaram tudo.A partir de segunda-feira, os gremistas poderão usar também o Banricompras na aquisição de ingressos para as partidas do Tricolor. "Buscamos facilitar a vinda do nosso torcedor para os jogos em casa, onde a força de cada um é fundamental para apoiar o time", declarou Marcelo Jorge, presidente da Arena.
Incomparável
Não vá se confundir.Para sair do Mercosul, primeiro seria necessário que ele existisse.
Barbeiragens
Demorou, mas me convenci. Não é roubo, nem complô. As arbitragens do Brasileirão são de má qualidade. Ruins ao extreme. Ibsen Pinheiro fez a frase: "É muito poder na mão de um homem só".
Ordem direta
As roupas de celebridades expostas em um shopping da Capital foram doadas para uma uma ação de marketing e depois serão encaminhadas à campanha do agasalho. Não ao contrario.
Avanço
O foro trabalhista da Capital inaugura segunda-feira a sua sala de amamentação. O espaço terá geladeira, fraldário e material informativo sobre aleitamento materno.