Parabéns aos 17 jovens promovidos. A esta hora, eles já devem estar exercendo suas novas funções. Coordenando as vendas, liderando outros jovens mais jovens do que eles. Prestando contas do movimento aos chefes, que prestarão contas aos outros chefes. A matriz, que nem fica no Brasil, está feliz. Assim é a organização. Carreiras meteóricas. Promessas de poder e de prestígio.
Nos últimos 18 dias, 17 jovens de Porto Alegre subiram mais um degrau na carreira que escolheram, por falta de opção. São da periferia, com pouco estudo, famílias destroçadas. Tiveram poucas oportunidades. Lá onde eles moram, o Estado chega pouco. E quando chega, é para pedalar a porta e derrubar no chão.
Nos últimos 18 dias, 17 jovens foram assassinados na guerra do tráfico de Porto Alegre. E, se foram assassinados, é porque outros 17 jovens estavam prontos para assumir seus lugares. Os novos ocupantes dos cargos são mais preparados, mais violentos, mais ambiciosos do que os antecessores. Tanto, que eliminaram a concorrência.
Na conjuntura atual, matar traficantes fortalece o tráfico. Matar traficantes não resolve nada. Resolve apenas os problemas dos traficantes rivais, que mais cedo ou mais tarde serão eliminados por outros rivais. Tudo isso porque falta o fundamental. Tão fundamental, que virou quase um clichê. Falta educação. Enquanto a molecada não estiver na escola e continuarmos acreditando que arrancar as folhas enfraquece o caule e a raiz, nada vai mudar.
Não basta estar na escola. É preciso que a escola seja boa. Que ensine do jeito certo, que as paredes não caiam, que as goteiras inexistam. A família e a escola são os primeiros degraus da oportunidade. Uma sem a outra, até pode dar certo. A ausência das duas é sinônimo de fracasso, salvo exceções raras.
Parabéns entristecidos. Aos 17 jovens que acabaram de assumir suas novas funções. Aos 34 que estão na fila. E aos 68 que acabaram de nascer. Se a gente entender que não adianta combater o sintoma sem enfrentar a causa, talvez, para os próximos 136, ainda haja alguma esperança.