Se eu fosse dono de loja, pediria aos vendedores que jamais, mas jamais mesmo, repetissem uma frase que ouço toda hora por aí. A história que vou contar é rigorosamente verdadeira.
Faz alguns anos, fui comprar uma jaqueta jeans para a minha mulher. Encontrei a que eu queria em um loja da Cidade Baixa. Apontei para o cabide e disse: "Adorei aquela. Quanto custa?". A vendedora, na maior das boas intenções, respondeu: "Precisa ver uma outra que vendi ontem…".
Desanimei, para não dizer outra coisa.
Logo depois, saí dali e fui atrás de algo para beber. Entrei na lancheria vizinha: "Tem suco?". "Só tem de laranja", me respondeu a garçonete, como quem fala de algo que sobrou, de uma falta de opção. Daria o mesmo trabalho dizer: "Tem um suco de laranja feitinho na hora, se tu quiseres dá pra coar…". Já passei por situações iguais em shoppings, na Azenha e no Moinhos de Vento. A praga é generalizada.
Na última semana, dois hotéis de Gramado foram incluídos na lista dos melhores do mundo pelo site TripAdvisor. A avaliação foi feita pelos próprios hóspedes.
Tenho certeza de que o St. Hubertus e o Ritta Höppner são limpos, organizados e oferecem mimos e luxos aos seus hóspedes. Mas não é por isso que as pessoas gostam de lá. Já fui a lugares bastante sofisticados, mas chatos e arrogantes. O que faz a diferença, sempre, é o atendimento. E pra isso, é preciso treinar e motivar as pessoas. Principalmente em tempos de crise.
Sobreviverão os conectados com seus públicos. Ainda mais quando, ao entrar em uma loja, o cliente ouvir do vendedor desanimado que "só tem esse". No fundo, o freguês sabe que tem outro. Ali do lado, com um sorriso no rosto.