Semana passada, alguns internautas estranharam e até questionaram o físico da esgrimista egípcia Nada Hafez, que após competir sua terceira olimpíada e ter o melhor resultado de sua carreira – chegar às oitavas de final – revelou estar grávida de 7 meses. A informação chocou o mundo e sua participação trouxe luz novamente ao debate de que grávidas podem ou não praticar esporte em alto nível. No caso de Nada, não há qualquer risco para a saúde do bebê e é seguro que ela treine e compita normalmente.
Esses Jogos Olímpicos de Paris, antes mesmo de começarem, já prometiam que seriam um marco na equidade de gênero e, embora um dos principais objetivos não tenha sido alcançado – mesmo número de atletas homens e mulheres, por muito pouco, alguns outros avanços puderam ser observados.
Pela primeira vez na história, a Vila Olímpica tem um berçário com espaço para amamentação.
É surpreendente como só em 2024, pela primeira vez, as atletas que são mães podem contar com um espaço dedicado a elas e seus filhos. E é um espaço que contempla não só as mães com bebês de colo, mas as mães com crianças pequenas também. É um avanço importantíssimo para mulheres no esporte e se tornou uma reclamação das atletas, principalmente após as olimpíadas de Tóquio, onde as crianças, mesmo as que ainda estavam sendo amamentadas, eram impedidas de frequentar a vila e estarem perto de suas mães.
A gravidez e a maternidade, geralmente, afastam as mulheres do esporte. Não raras vezes vemos atletas se aposentarem após se tornarem mães, algo que não acontece com os homens, e por isso é crucial que se criem espaços, mecanismos e ferramentas para que as atletas não tenham que renunciar a nenhuma coisa. Inclusive, a organização de Paris abriu um precedente. Isso pressiona não só os próximos comitês organizadores de olimpíadas, mas também federações internacionais e nacionais a criarem espaços como esse em suas competições. Uma mudança permanente que começa pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) dando o exemplo.
É provável que cada vez mais vejamos mulheres grávidas e mães disputando as olimpíadas, é uma tendência que deve crescer a partir de Paris. Esses Jogos já são os que têm o maior número de atletas mães da história e, com os avanços da medicina, se torna cada vez mais seguro mulheres treinarem em alto rendimento enquanto são gestantes, em contraponto à antiga noção de que teriam que esperar o fim de suas carreiras para se tornarem mães.