
O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Secretários da saúde dos municípios da Região Metropolitana devem se reunir na próxima quinta-feira (3), junto com diretores hospitalares, para entender a dimensão da dificuldade nos atendimentos hospitalares e definir as ações necessárias para resolver o cenário descrito como "caótico" por prefeitos.
Hospitais da Capital afirmam que há superlotação nos leitos clínicos, alegando que boa parte dos internados vêm da Região Metropolitana e cidades do Interior. A situação problemática também se reflete em hospitais de Canoas e Sapucaia do Sul, que são referências para outros municípios.
Sebastião Melo passou a semana passada em incursão nas prefeituras da região para pressionar pela revisão dos repasses estaduais para a saúde. O prefeito de Porto Alegre entende que os valores enviados pelo programa Assistir são insuficientes e não atendem ao propósito de quando foi lançado, que era ampliar os atendimentos no Interior com mais recursos aportados para essas localidades, desafogando o sistema da Capital.
O presidente da Granpal e prefeito de Guaíba, Marcelo Maranata, é quem articula a reunião dos secretários. Para Maranata, são dois aspectos necessários que precisam ser discutidos: financeiro e estrutural.
— As duas coisas não podem andar separadas. Não adianta a gente botar mais dinheiro em Porto Alegre, muito volume de dinheiro, Porto Alegre já não tem uma capacidade estrutural de aguentar a demanda hospitalar hoje. A gente vê os hospitais superlotados, então é preciso fazer uma estruturação em toda região metropolitana. A gente precisa olhar a saúde metropolitana de forma sistemática.
O resultado desse encontro de secretários municipais e diretores hospitalares será levado para o governo do Estado e também para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A Granpal tenta conseguir espaço na agenda do ministro entre os dias 7 e 8 de abril, quando ocorre a reunião geral da Frente Nacional dos Prefeitos em Brasília.
Quanto ao governo do Estado, Maranata entende que é necessária uma revisão dos recursos disponibilizados. O prefeito guaibense cobra o Piratini para que cumpra o limite constitucional de aportar 12% das receitas em saúde, o que, de acordo com Maranata, não chega a 9% atualmente.
— Sem diálogo não tem como resolver. A gente já está falando de bilhões que a gente pode botar na saúde e dar prioridade para a Região Metropolitana, até que se faça uma reestruturação do Estado. Dinheiro tem, as condições têm, o que precisa ter agora é um ambiente de negociação clara, honesta, franca e de confiança. O processo tem que estar na mesa agora, porque não pode a gente ter ideologias de partido. Agora é o momento de entender que quem mais precisa está pedindo socorro. E é a população que não tem para onde socorrer, ela só tem o SUS.