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O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Vereadores de direita que integram a base do governo Sebastião Melo deflagraram uma ofensiva para impedir a prefeitura de patrocinar um evento marcado para junho em Porto Alegre. O alvo é o festival "Rap in Cena", que tem entre as atrações anunciadas o músico Oruam.
Nesta sexta-feira (14), os vereadores enviaram pedido de informações à prefeitura para saber se "houve, há ou está prevista qualquer destinação de verba pública" para o evento.
O documento é assinado pelos vereadores Vera Armando (PP), Comandante Nádia (PL), Mariana Lescano (PP), Coronel Ustra (PL), Tiago Albrecht (Novo) e Jessé Sangalli (PL).
Procurado, o secretário de Comunicação, Luiz Otávio Prates, afirmou que não há pedidos de patrocínio ao festival em tramitação e que, caso seja feita, a solicitação será avaliada.
Em anos anteriores, a prefeitura aportou recursos no Rap In Cena. Como contrapartida, ingressos gratuitos foram repassados a entidades culturais e projetos sociais — em 2024, 6 mil foram distribuídos.
Marcado para os dias 21 e 22 de junho, o Rap In Cena será realizado no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho.
Resistência a Oruam
Os vereadores querem impedir que a prefeitura repasse recursos a eventos com artistas que, segundo eles, incentivam práticas ilegais. No caso de Oruam, o argumento é de que o rapper tem músicas com letras que exaltam a criminalidade, ostentação de riqueza obtida por meios ilícitos, consumo e tráfico de drogas, e discursos hostis a policiais e outras autoridades.
Oruam é filho do traficante Marcinho VP, apontado como líder da facção Comando Vermelho, que está preso desde 1996.
— A intenção não é censurar a arte, ou a liberdade de expressão, mas garantir que o dinheiro do contribuinte seja usado com responsabilidade, sem financiar conteúdos que vão contra o interesse público — afirma a vereadora Vera Armando.
Além da mobilização, há ao menos dois projetos de lei em tramitação na Casa apelidados de "anti-Oruam", que visam proibir o município de contratar shows em que ocorra "expressão de apologia ao crime organizado ou ao uso de drogas". Os textos foram protocolados pelas vereadoras Mariana Lescano (PP) e Fernanda Barth (PL).
Há propostas semelhantes tramitando em outras câmaras municipais do país.