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O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
A 20 meses da eleição nacional, o PL gaúcho já tem um caminho traçado a respeito de quem lançará como candidatos em 2026. Nesta quinta-feira (20), durante seminário de comunicação do partido, em Brasília, o deputado federal e presidente liberal no RS, Giovani Cherini, recebeu afagos dos colegas de legenda e pavimenta o caminho para confirmar sua candidatura ao Senado.
A aspiração para trocar de plenário no Congresso teria o aval de Valdemar Costa Neto, presidente nacional da sigla, que não esconde sua gratidão pelo trabalho de crescimento do PL no RS realizado por Cherini:
— Cherini, o que você fez no Rio Grande do Sul para o PL nós jamais esqueceremos — disse Valdemar ao lado do deputado, no seminário do partido.
A decisão, entretanto, será do ex-presidente Jair Bolsonaro. É ele quem ditará o futuro do partido e escolherá os nomes que o representarão no Senado a partir de 2027.
Cherini desvia do assunto, e apenas faz questão de lembrar que Zucco é o deputado mais votado do Estado. Além disso, lembra que Bolsonaro deve anunciar sua escolha em março, após o Carnaval.
— A preferência de senador é do Bolsonaro. A base do partido fala em Zucco governador e Cherini senador. Mas é muito cedo ainda. Acho que depois do Carnaval fica mais claro. Precisamos de coligação, acho que uma chapa de direita tem tudo para vencer — afirma o parlamentar.
Já o nome de Zucco ao Piratini vem sendo construído desde 2024, mas, por ser um dos aliados mais próximos de Bolsonaro, ainda pode ser escolhido para concorrer a senador. A ideia do ex-presidente é ampliar a representatividade da direita no Senado como forma de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF), já que é esta a casa parlamentar que pode propor impeachment de ministros da corte, por exemplo.
A articulação para Zucco concorrer a governador é feita principalmente por ele e pelo irmão, o deputado estadual Delegado Rodrigo Zucco (Republicanos). O plano da família inclui ainda uma aliança da direita, unindo também o PP e o Novo — que terá o deputado federal Marcel Van Hattem como candidato para uma das vagas no Senado.
O Novo, por sua vez, argumenta que o PL precisa criar uma mesa de discussão com os partidos com quem pretende se juntar, sem impor aos aliados um cenário pronto para as eleições.
— Entendo o tamanho do PL, é o maior partido da direita, mas a gente precisa fazer uma construção. PL sozinho não vai ganhar eleição. Temos consciência de que precisamos ter uma união dos partidos da direita. Temos que ser maduros o suficiente para conversar e dialogar. Um projeto que seja só dizer amém e o PL é quem vai dizer quem vai ou não, não faz sentido. Tem que reconhecer que PL é importante, PP é importante, Novo é importante — enfatiza Marcelo Slaviero, presidente estadual do Novo.
Big techs e a liberdade de expressão
O seminário de comunicação do PL atraiu os olhares do país por marcar a primeira aparição em público de Bolsonaro após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusou de cinco crimes, entre eles golpe de Estado. No evento, o ex-presidente usou boa parte do tempo para falar sobre liberdade de expressão e excessos do Judiciário que diz ter observado principalmente nas eleições de 2018 e 2022. Bolsonaro também falou sobre a possibilidade de ser preso:
— Nada mais têm contra nós do que narrativas. Tudo foi por água abaixo. A mais recente foi essa de golpe. Vão prender o Bolsonaro? Caguei para a prisão — bradou.
Além de políticos do PL, também participaram do evento representantes de big techs como Google, Kwai, Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp) e X. Um dos banners presos ao teto do centro de convenções apresentava a frase "Partido Liberal e as big techs unidos pela liberdade de expressão". Durante o encontro, os liberais tiveram palestras sobre o uso das plataformas e inteligência artificial.
— Temos muitas e profundas diferenças com a esquerda. Uma das mais claras e evidentes é a nossa defesa intransigente da liberdade de expressão e a luta contra a censura — afirmou Zucco.