Costurada pelo governador Eduardo Leite e pela presidente estadual do PSDB, Paula Mascarenhas, a possível candidatura do ex-prefeito Nelson Marchezan tem potencial para sacudir a modorrenta disputa eleitoral em Porto Alegre. Paula garante que as resistências iniciais dos vereadores da Capital ao nome de Marchezan foram neutralizadas:
— Estamos apostando na candidatura do Marchezan. O diretório de Porto Alegre já entendeu que essa decisão passa pela Executiva estadual e tem o aval do governador. Estamos agora tentando viabilizar alianças.
A convenção será no dia 4 de agosto e, até lá, Paula tem dois desafios: buscar alianças para viabilizar a candidatura de Marchezan e convencer o próprio de que vale a pena concorrer. Embora tenha feito uma espécie de período sabático desde que deixou a prefeitura, Marchezan nunca fechou a porta para uma candidatura, mas dizia que não podia ser candidato dele mesmo, sem apoio do diretório municipal.
O presidente do PSDB em Porto Alegre, vereador Moisés Barboza, disse à coluna que em nenhum momento houve qualquer veto ao nome de Marchezan. Que os três vereadores não citavam o ex-prefeito como opção porque ele estava afastado do partido e, por isso, chegaram a sugerir os nomes de Any Ortiz (Cidadania), Mano Changes e Kaká D’Ávila.
— O ex-prefeito Marchezan tem muita capacidade, é um político experimentado que decidiu se afastar da vida política. Talvez por isso a maioria tenha manifestado preferência aos outros nomes — disse Moisés.
Na semana passada, o partido divulgou nota defendendo a candidatura própria em Porto Alegre. Diz a nota que “o projeto estratégico de candidatura é justo e ressaltará os impactos positivos do governo tucano de Eduardo Leite para a capital dos gaúchos”.
Encontrar aliados dispostos a apoiar Marchezan é uma tarefa difícil. Primeiro, porque ele precisaria antes dizer que aceita ser candidato. Segundo, porque boa parte dos aliados que teve quando governou está hoje com o prefeito Sebastião Melo (MDB). Terceiro, porque sua gestão na prefeitura foi polêmica, principalmente por resistir às pressões de vereadores por cargos e por propor mudanças antipáticas para quem precisa de votos, a começar pela correção da tabela do IPTU.
— Estou jogando parado. Não fiz nenhum movimento estratégico para ser candidato. Apenas converso com as pessoas — sintetizou Marchezan.
O que Marchezan tem dito aos companheiros do PSDB é que, de um lado, adora política e gostaria de encabeçar um debate sobre as mudanças necessárias em diferentes áreas da cidade, mas de outro teme não conseguir apoio para medidas mais ousadas. A mais de um interlocutor, o ex-prefeito disse que sabe dos problemas da Capital, agravados pela enchente, e que gostaria de ajudar na busca de soluções, mas não está disposto a fazer conchavos. Por fim, a preocupação é com o financiamento da campanha, já que o PSDB sofre com a redução do fundo eleitoral e partidário e aliados potenciais podem querer dar prioridade à eleição de vereadores.