Com elogios ao governador Eduardo Leite, pelo nível das relações com o Judiciário, a desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira se despediu do cargo de presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Seu discurso foi mais longo do que o do sucessor, o desembargador Alberto Delgado Neto. Na fala dos dois, ficou claro que a gestão será de continuidade não apenas porque Delgado já integrava a administração chefiada por Iris, mas pela afinidade de ideias e de propósito entre os dois.
–Temos harmonia e independência entre poderes como há muito não se via. E sem arranhar a independência –disse Delgado.
A desembargadora afirmou que não pretendia fazer um balanço de todas as suas realizações, mas usou a maior parte do tempo para destacar o que foi feito nos últimos dois anos — da digitalização total dos processos à concessão de benefícios como a conversão da licença-prêmio em dinheiro para os magistrados.
— São muitas e importantes as realizações e contribuições para um Judiciário mais eficiente e com uma percepção correta pela sociedade — discursou.
Deixando a modéstia de lado, Iris disse que sua gestão honrou todos os compromissos assumidos, com espírito inovador e austeridade. Destacou que as receitas próprias do Poder Judiciário tiveram crescimento recorde de 28% (R$ 3 bilhões em dois anos) o que lhe permitiu recompor o quadro de magistrados, realizando dois concursos, prover todas as vagas e desembargador e nomear mais de mil servidores, além de comprar 5.400 notebooks e cadeiras ergonômicas para todos os funcionários.
Ainda assim, sobrou dinheiro para colaborar com o Executivo, destinando "meio bilhão de reais à saúde, à educação e ao combate à fome".
Delgado disse que se sentia honrado em presidir a instituição à qual tudo deve e que ser juiz era seu sonho de infância, porque o magistrado "vive seu dia a dia pensando no cidadão". Discorreu sobre a importância do Poder Judiciário no contexto político e social, falou de jornalismo e disse que "a crítica objetiva é essencial para a democracia".