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A enchente de 2024 deixou nos prefeitos que já estavam no cargo e nos que assumiram pela primeira vez em janeiro a consciência de que precisam investir em prevenção para enfrentar futuras tragédias climáticas. Esse foi um dos principais temas discutidos na assembleia de verão da Famurs, que se realiza em Xangri-Lá, e que reúne cerca de 1,5 mil pessoas, participação recorde, segundo o presidente da entidade, Marcelo Arruda.
— Todos sabem pelo que já aconteceu no Estado que as mudanças climáticas são um desafio para os gestores. Tivemos a enchente do ano passado e agora enfrentamos uma nova estiagem, que já deixou uma centena de municípios em situação de emergência e devemos chegar a 200 nessa situação — diz Arruda.
O presidente da Famurs recomenda aos prefeitos que conversem com os agricultores de seus municípios, divulguem os programas existentes e sejam embaixadores da irrigação. Com a experiência de quem viveu as consequências de uma tragédia climática na condição de prefeito de Barra do Rio Azul, um pequeno município arrasado pela enchente mais de uma vez, Arruda sugere aos colegas que se preparem.
— Não podemos ficar dependendo apenas dos governos estadual e federal. Temos de adotar medidas preventivas para depois não precisar gastar na reconstrução — aconselha.
Um dos painéis animados foi o do secretário de Turismo, Ronaldo Santini, que estimulou os prefeitos e secretários a identificarem o que seu município tem de interessante e transformarem o turismo em atividade econômica lucrativa. Santini sugeriu que as prefeituras preparem as pessoas na cidade para atender bem aos visitantes, mesmo que estejam apenas de passagem. O secretário costuma dizer que é preciso começar pelo frentista do posto de gasolina, que precisa estar preparado para indicar um ponto turístico, um restaurante ou alguma coisa que a cidade tem de diferente.
Dos 497 prefeitos gaúchos, 311 estão no primeiro mandato ou voltando depois de um período fora da gestão. A esses, a Famurs recomendou que trabalhem com os colegas, troquem ideia e se informem sobre os programas estaduais e federais em diferentes áreas, já que muitas vezes os municípios não acessam recursos públicos porque desconhecem os caminhos.
— É importante bater na porta certa — ensina Arruda.
Um dos papéis da Famurs é fazer essa mediação. Por isso, diferentes secretários de Estado passaram pela assembleia nesta quinta-feira (20). A programação continua na sexta-feira, com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, falando sobre a importância de construir distritos industriais para atrair investimentos.
Em paralelo à assembleia dos prefeitos, está sendo realizado um encontro de primeiras-damas e primeiros-cavalheiros. Arruda diz que é a primeira vez que os maridos das prefeitas são convidados a discutir como podem contribuir para a gestão, mesmo não exercendo cargo público.