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Chefe do Netherlands Business Support Office (NBSO) em Porto Alegre, Caspar van Rijnbach será o anfitrião do governador Eduardo Leite e do prefeito Sebastião Melo durante a visita da delegação gaúcha à Holanda, a partir do dia 21 de fevereiro. O objetivo é ver de perto obras sobre contenção de enchentes que podem ser replicadas no Rio Grande do Sul. Os dois foram convidados pela embaixada da Holanda para a visita.
Desde a tragédia das enchentes, em maio de 2024, Caspar tem feito a interlocução entre autoridades gaúchas, o governo holandês e pesquisadores para troca de experiências sobre como lidar com a água. Ele conversou com a coluna sobre a visita.
Como será a recepção da comitiva do Rio Grande do Sul na Holanda?
Estamos combinando algumas conexões com autoridades holandesas, com empresas e universidades, com foco em visitas técnicas, ou seja, criar visual, entendimento das soluções que a Holanda tem trabalhado em relação às enchentes, gestão de água e resiliência climática.
Qual será o ponto mais importante das visitas?
O mais relevante é o conjunto. Precisamos criar um entendimento sobre como uma região, um país, um Estado, pode criar um conjunto de governança, com capacidade de criar coisas pragmáticas que possam ser implementadas e que realmente resolvam os problemas. O grande objetivo, do nosso lado, é essa conexão com as instituições governamentais, universidades e empresas para criar laços mais fortes entre o Rio Grande do Sul e a Holanda. São dois entes que têm muito a ver com a água, que tem muito conhecimento. É o que estou procurando com essa missão.
Qual a importância de a gestão hídrica estar impregnada na governança de um Estado?
Se os três níveis (federal, estadual e municipal) trabalharem junto, isso pode gerar coisas muito interessantes. Se você tem, por exemplo, empresas privadas de Brasil e Holanda trabalhando junto, visualizando oportunidades para solucionar esses problemas, isso fazer diferença. Algumas soluções da Holanda funcionam no Rio Grande do Sul, outros, não. Mas se você tem esses grupos trabalhando em conjunto, consegue construir alguma coisa específica para Rio Grande do Sul.
Quais empresas os gaúchos irão visitar?
No Instituto Deltares, eles vão visitar um espaço onde haverá médias e pequenas empresas holandesas que trabalham com barreiras contra enchentes. Irão visitar também a Rotterdam, e pontos da cidade resiliente. Também vão visitar Waterboards, aquelas organizações específicas da Holanda que já existem há 800 anos, bem na região onde vários rios se juntam Eles têm trazido várias soluções para isso. Vamos visitar EcoShape, em Amersfoort, que é uma organização que reúne várias empresas que trabalham em soluções com base na natureza (nature-based solutions). Além de empresas como a Arcades. Em Nijmegen, vão conhecer soluções que foram implementadas.
Passados nove meses da tragédia gaúcha, tem-se a impressão de que há muita demora em ações práticas para aumentar a proteção da Capital. Para vocês também foi um trabalho demorado?
Quando se olha para os grandes projetos, demoram anos, às vezes mais de um década. Há coisas emergenciais, que você pode implementar, mas para construir o Estado, demora tempo. Na Holanda, isso fica bem claro. Você pensa em um grande projeto, como o Deltariver (sistema de defesa contra a elevação do nível do mar para a região do delta dos rios Reno, Mosa e Schelde): a primeira implementação, foi em 57. A última implementação foi em 1993. Há coisas que são mais urgentes, outras menos urgentes, mas o grande projeto demora tempo mesmo. Primeiro, você pensa o que eu consigo fazer agora para diminuir o impacto quando ocorre a calamidade? Depois, você vai ver como pode diminuir as chances que a calamidade ocorra.
Agora, o RS enfrenta um período de estiagem. Além do desafio das águas, vocês também enfrentaram esse problema?
Houve vários anos de estiagem. Foi muito forte na Holanda, porque não estamos acostumado com isso. Há um impacto grande, que vocês conhecem muito bem. Mas é também uma oportunidade. A Holanda é extremamente forte na gestão de água para a agricultura. Não apenas em irrigação e drenagem, que são importantes, mas também na gestão do nível de água no subsolo, a gestão de lençóis subterrâneos. Garantir que você dependa menos da sorte, trabalhando com a natureza. É preciso pensar soluções baseadas na natureza.