
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Algumas das recentes ações do novo governo de Donald Trump já vem afetando o Brasil. Isso porque o bilionário Elon Musk, um dos "meninos de ouro" da nova gestão, chefe do Departamento de Eficiência Governamental dos EUA (Doge) e sua função, em poucas palavras, é desburocratizar o governo americano e, principalmente, cortar gastos. Quando assumiu o cargo, Musk afirmou que poderia alcançar uma redução de US$ 1 trilhão no déficit federal até 2026.
Na mira do empresário, dono da X, SpaceX e Tesla, estão as agências internas americanas. Na última semana defendeu uma eliminação pesada nesses órgãos, os quais comparou a "ervas daninhas".
E ele já vem conseguindo isso. Ainda no início do mês conseguiu convencer Trump a suspender a maioria dos funcionários da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, na sigla em inglês) e congelar seu financiamento. Ocorre que a Usaid é o principal órgão de assistência humanitária dos EUA e responsável por 40% de toda a ajuda no mundo, inclusive, no Brasil.
Em 2024, por exemplo, a Usaid repassou US$ 20,6 milhões (cerca de R$ 118 mi) para projetos no Brasil. Desse montante, parte dele, aproximadamente US$ 1 milhão, foram destinados para o Vale do Taquari, para atender às vítimas das enchentes no Estado.
O fechamento da Usaid também suspendeu o Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil, que era executado desde 2021 pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos em parceria com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e outros órgãos do país. A iniciativa formava brigadistas e oferecia capacitação técnica para profissionais que já atuam na linha de frente do combate aos incêndios florestais. Entre 2021 e 2023, por exemplo, foram ao menos 51 cursos e treinamentos, onde mais de 3 mil pessoas foram treinadas.
Há outras organizações impactadas, como por exemplo o Grupo Consultivo para Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR), que recebeu no ano passado U$ 6,4 milhões; a Agência Adventista de Desenvolvimento e Assistência Internacional (Adra), que recebeu U$ 2,2 milhões; a Cáritas Brasileira Regional Nordeste, que recebeu U$ 1,5 milhões, a World Wildlife Fund (WWF), que recebeu U$ 1,3; o Instituto Centro de Vida, com U$ 33 mil; entre outras iniciativas.
Na mira
Outra agência já paralisada por Trump e Musk é a Agência de Proteção Financeira ao Consumidor (CFPB na sigla em inglês), que no entanto não há relações com o Brasil. Há outras na mira de Musk, como a Administração Federal de Aviação (FAA), nos Estados Unidos, é responsável pela regulação, supervisão e segurança da aviação civil no país. Embora a FAA seja uma entidade dos Estados Unidos, ela tem uma relação indireta com o Brasil, principalmente no contexto de colaboração internacional e padrões de segurança na aviação.
A mesma relação ocorre cocm a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), que há parcerias com o Brasil por meio da cooperação internacional, acordos bilaterais e parcerias em questões globais de sustentabilidade e mudanças climáticas; entre outras instituições que estão na mira de Trump.