
O deputado federal Marcelo Moraes (PL) assumiu nesta semana a coordenação da bancada gaúcha no Congresso, em substituição a Dionilso Marcon (PT), que ficou à frente do grupo em 2024. Moraes conversou com a coluna sobre suas prioridades. O grupo de parlamentares do RS em Brasília é composto por 31 deputados e três senadores.
Quais serão suas prioridades à frente da bancada?
Destaco pautas importantes como a discussão dos vetos do Propag (Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados), que trazem um prejuízo grande para o Rio Grande do Sul: um deles é não se fazer cumprir o alívio na dívida em relação às enchentes. Se assinar o Propag, e se esse veto for mantido, perderemos aquele recurso. Existe outro veto que não possibilita usar o recurso do Fundo do Desenvolvimento do Nordeste. Isso gera quase R$ 5 bilhões por ano mandamos para desenvolver o Nordeste, que, agora, estamos precisando. Se pudéssemos usar esse dinheiro para pagar a conta, com certeza aliviaria o caixa do Estado.
O pretende fazer pela reconstrução do Estado?
Nesse processo de reconstrução do Estado, uma das rubricas foi para a área da saúde, para que possamos colocar recursos nos hospitais no Rio Grande do Sul. Temos também uma tarefa grande que é discutir a questão da agricultura. Nos últimos três anos, tivemos seca e, no meio disso, a enxurrada. Temos encontrado agricultores com dificuldade imensa para continuar a lavoura, muitos deles estão negativados, buscando linhas de crédito para poder custear sua lavoura. É importante destacar que isso não é bom só para o agricultor, isso é bom para o Estado, que arrecada, que mantenha a economia forte, que faz com que esse recurso aqueça a economia.
Que outras demandas o senhor tem em mente?
São muitas, em todas as áreas. Temos hoje no Rio Grande do Sul mais de 50 municípios sem acesso asfáltico, temos uma discussão em relação à assinatura do regime de recuperação fiscal, que não nos permite ser competitivos em relação a incentivos fiscais para empresas que queiram vir aqui para o Estado, entre tantas outras pautas. A bancada gaúcha vai estar com a porta aberta. A demanda de hoje pode não ser a de amanhã, assim como muitas novas vão aparecer. A gente vai estar com a porta aberta em Brasília, mantendo esse sistema adotado pelo líder anterior de ouvir todas as entidades, todos aqueles que nos procuram, mas também disponibilizar algumas agendas da bancada gaúcha aqui no Rio Grande do Sul, para que possamos melhorar essa condição para terem mais acesso, para que venham a nosso encontro.
Como o senhor avalia a representatividade gaúcha hoje em Brasília?
Ela não se dá apenas do lado do governo. Nesse ano, temos uma figura muito conhecida no nosso Estado, que ocupa um espaço de destaque, que é o líder da oposição, o deputado Luciano Zucco (PL-RS). É alguém que faz o contraponto a um governo que está derretendo na opinião pública, nas pesquisas. Essa discussão não pode se dar dentro da bancada gaúcha. Nossa ideologia é algo que está sempre presente conosco, não temos como tirá-la de dentro da gente. Mas, dentro da bancada gaúcha, a nossa pauta, a nossa discussão, a nossa bandeira é o Rio Grande do Sul. Tem de ter convergência para ajudar o Estado.
Como elevar os interesses do RS acima da polarização dentro da bancada?
Os líderes que têm passado por lá têm tido uma atuação muito comprometida em tentar não trazer essa discussão ideológica para dentro da bancada. O deputado Marcon foi muito bem nesse sentido. Se nós tivemos mais ou menos cobranças em relação à atuação do governo federal, essa discussão se deu muito mais a partir do mandato de cada um, mas não em cima da bancada.