A eleição nos Estados Unidos será uma oportunidade para gigantes como Facebook e Twitter provarem que aprenderam alguma lição sobre responsabilidade, após um ano em que foram chamados à realidade por movimentos contra o racismo e discursos de ódios nas redes sociais e por empresas que não querem ter suas marcas associadas a conteúdos tóxicos.
Nesta semana, o Facebook afirmou que apagou anúncios de campanha do presidente Donald Trump que diziam que seu rival, Joe Biden, é "perigoso" para o país por querer permitir uma imigração maior.
O gerente de produtos da empresa, Rob Leathern, também disse que irá proibir anúncios que façam declarações prematuras de vitória ou que busquem deslegitimar a eleição. Apesar disso, a um mês e um dia do pleito, os gestos das companhias do Vale do Silício são insuficientes para conter a desinformação.
Enquanto a empresa anunciava suas medidas contra algumas propagandas, o que se via nas redes nas 48 horas após o debate entre Trump e Biden era a disseminação de histórias falsas sobre a saúde do democrata, incluindo anúncios enganosos no Facebook promovidos pela campanha do presidente e um viral no TikTok.
Uma falsa história sobre Biden usando um fone de ouvido, durante o debate, continuou ganhando força, perguntando "por que Sleepy Joe (Dorminhoco Joe, como Trump chama Biden em suas postagens no Twitter) não se compromete com a inspeção do fone de ouvido". A propaganda tinha sido vista por mais de 250 mil pessoas - em especial, pessoas com mais de 55 anos no Texas e na Flórida. No TikTok, quem diria, plataforma que Trump quer banir dos EUA, quatro vídeos alegando que Biden estava usando um fone para trapacear acumularam meio milhão de visualizações só na quarta-feira.
Antes do debate, executivos de Facebook e Twitter disseram ter revisado hashtags, trends e contas que poderiam violar as regras da empresa. Mas, ao que parece, não foi suficiente, sugerindo que essas empresas não estariam conseguindo controlar o monstro que elas próprias criaram. Embora a empresa de Mark Zuckerberg diga que gasta grande quantidade de recursos para combater desinformação relacionada à eleição, a rede social não verifica os fatos de anúncios políticos pagos por uma questão interna.
Uma comissão do Senado dos Estados Unidos decidiu, por unanimidade, nesta quinta-feira (1º) convocar os responsáveis de Facebook, Google e Twitter para questioná-los sobre suas medidas contra problemas como desinformação, uso de dados ou fraudes online. Serão chamados Jack Dorsey (Twitter), Mark Zuckerberg (Facebook) e Sundar Pichai (Alphabet, empresa-mãe do Google). O senador republicano Roger Wicker, que preside o painel, lamentou que as empresas não tenham aceitado os convites anteriores para "responder abertamente a questões sobre questões tão visíveis e urgentes para o povo americano".