O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
O chefe do serviço de Cirurgia Geral da Santa Casa de Porto Alegre, médico Antonio Weston, foi convidado pela Associação Internacional de Câncer Gástrico para participar do Consenso Internacional, evento que reunirá especialistas de todo o mundo em Bertinoro, na Itália, em outubro deste ano. Ele é um dos 30 participantes do evento, sendo que no Brasil apenas dois médicos integram a lista.
O encontro discutirá avanços no tratamento, estratégias cirúrgicas, alinhamento de definições e a organização de novos ensaios. Esse é um dos tipos de tumores mais frequentes no Brasil e no Rio Grande do Sul. São em média dois mil novos casos ao ano. Weston conversou com a coluna:
Qual o papel da associação?
A Associação Internacional de Câncer Gástrico, a sigla em inglês é IGCA, é a entidade que normatiza e determina as diretrizes para o tratamento do câncer de estômago no mundo. A sede fica em Tóquio, porque o Japão é o país de mais alta incidência da doença no mundo. A associação começou no Japão e tem sedes no mundo inteiro. Ela determina as diretrizes e as normativas do tratamento da doença. A cada dois anos, um encontro é realizado em um país, em 2025 será na Itália.
O que é decidido nesse consenso internacional?
São decididas e tratadas as diretrizes principais do tratamento da doença. Um exemplo: um doente tem um diagnóstico de câncer de estômago. Como ele vai ser tratado? Com cirurgia ou com quimioterapia? Ou com os dois? Quem determina isso é a Associação Internacional de Câncer Gástrico. Ela é quem coordena as diretrizes no mundo para o tratamento dessa doença. E isso sofre inovações à medida que o tempo vai passando, essas diretrizes vão mudando. Para isso, que realizado esse consenso.
Por que o senhor foi escolhido?
É resultado de uma trajetória de 25 anos. Comecei em 1999, na Associação Brasileira de Câncer Gástrico. Tenho alguns trabalhos publicados sobre a doença, tanto em revistas brasileiras quanto internacionais. E tenho uma atuação de longa data. Já dei aulas em vários congressos sobre a doença. Fui presidente da Associação Brasileira de Câncer Gástrico de 2019 a 2023. Já somos uma referência internacional na doença, no tratamento e no conhecimento científico, mas é a primeira vez que sou convidado pra um consenso dessa magnitude. É o principal evento no mundo na área.
Qual a importância de o RS estar presente?
É o Rio Grande do Sul e o Brasil participando. Somos os únicos dois médicos (além de Antonio Weston, há um profissional de São Paulo que participará do encontro). Para mim, é uma honra. Estarão lá os principais experts no mundo. É um reconhecimento internacional no tratamento dessa doença. É a primeira vez que um gaúcho vai num evento desses.