Uma história de um refugiado senegalês vítima de tráfico humano e que vive hoje no Rio Grande do Sul inspira o filme "Malick", cujas gravações começam nos próximos dias.
Em busca de uma nova vida na Itália, o jovem Modou Awa Adieye, então com 22 anos, saiu do Senegal com a ajuda do tio, mas, ao desembarcar, descobriu que estava a mais de 7 mil quilômetros de sua terra natal. Ele foi enviado ao Equador sem saber e descobriu ter sido vítima de tráfico humano. Fugindo dos criminosos, ele passou por Peru e Bolívia, até chegar ao Rio Grande do Sul.
Modou vive hoje em Porto Alegre. Sua história inspira o filme no qual também é codiretor, junto com o cineasta Cassio Tolpolar.
— Só sinto felicidade de ver minha história virando filme. Jamais iria imaginar sair do meu país, que era minha zona de conforto, para ir a um outro lugar, onde ninguém me conhecia, passar por tudo isso e, de repente, estou fazendo um filme. É uma conquista muito grande — afirma.
O diretor Cassio estava reescrevendo um outro roteiro de ficção e procurava um parceiro senegalês para a empreitada.
— A primeira vez que conversei com Modou, pelo telefone, ao invés de falar sobre o projeto que eu tinha, ele me contou sua história de vida, que achei triste, mas fantástica. Uma história de pura resiliência — explica.
Esse é o primeiro longa de ficção da produtora audiovisual gaúcha Mamaliga Films.
Em 2024, só no Rio Grande do Sul, onde Modou vive, foi registrado o maior número de autorizações para migrantes e refugiados desde 2020, segundo dados da Polícia Federal. Foram 27 mil autorizações, no ano passado, um crescimento de 103,4% em comparação a 2020.