O Reino Unido estava, até ontem, blindado do novo modus operandi do terror nessa segunda década do século 21. O atentado em Londres rompe esse lacre e obedece a uma lógica conhecida de episódios brutais vistos no ano passado em Nice, em 14 de julho, e em Berlim, em 21 de dezembro: um motorista invade uma área de pedestres, atropelando indiscriminadamente quem encontra pela frente.
Até a noite de ontem, não se sabia quem estava por trás da ação britânica. No caso francês, o autor era Mohamed Lahouiaej, homem que jogou um caminhão contra pedestres, matando 84 pessoas. Tinha problemas psiquiátricos e havia se convertido em soldado do Estado Islâmico. Foi morto no ataque. Em Berlim, Anis Amri, que também usou um caminhão contra uma feira de Natal, matando 12 pessoas, foi eliminado ao reagir a uma abordagem policial em Milão. Ambos eram tunisianos.
No caso de ontem, após atropelar pedestres e bater o carro sobre a ponte de Westminster, o agressor desceu do veículo e tentou esfaquear vítimas a pé.
Das grandes capitais da Europa, Londres havia sido poupada do terror desde 7 de julho de 2005, quando uma série de explosões no sistema de transporte público – metrô e ônibus – matou 56 pessoas, entre elas os quatro autores. Os atentados daquela ocasião levaram as autoridades britânicas a uma grande reformulação do seu sistema de inteligência e de alertas – e a alguns equívocos. Na sequência dos ataques, que vinham na esteira do 11 de março espanhol e do 11 de Setembro americano, o histerismo da Scotland Yard em encontrar responsáveis levou a operações fracassadas e à morte de inocentes, como o brasileiro Jean Charles de Menezes, alvejado ao ser confundido com um terrorista em uma estação de metrô.