Os dados preocupantes da gripe no Rio Grande do Sul em 2024 tornam esta edição da campanha de vacinação, deflagrada ontem, ainda mais importante. A Secretaria Estadual da Saúde (SES) registrou 2.326 casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag) por influenza no ano passado e 288 óbitos causadas pela doença. São os maiores números desde 2009, quando irrompeu a pandemia de H1N1.
Em 2021, a imunização chegou a 79,3% do público-alvo, caindo nos períodos seguintes, até chegar a apenas 52,3%
Enquanto o quadro se agrava nos anos recentes, a cobertura vacinal recua. É preciso alterar essa tendência. Em 2021, por exemplo, a imunização chegou a 79,3% do público-alvo, caindo nos períodos seguintes, até chegar a apenas 52,3% em 2024. Bem distante da meta de vacinar 90% de idosos, crianças e gestantes.
Seria possível cogitar que a enchente do ano passado, ao desviar a atenção e causar estragos em unidades de saúde, tenha influenciado. Mas também em 2023 a cobertura foi decepcionante: 56,4%. Diante do nível de adesão baixo, é mandatório reforçar a mobilização para elevar os índices em 2025, papel não só federal e estadual, mas das prefeituras, responsáveis pela estratégia em cada município. Autoridades da área e especialistas não apontam apenas as fake news sobre vacinas como causa da queda na cobertura. Nota-se um certo descuido da população, em meio às atribulações do dia a dia.
Vacinar-se não é apenas um ato de proteção individual. Quanto mais ampla for a cobertura, maior será a barreira coletiva à circulação do vírus. Imunizar-se, portanto, também é uma atitude que demonstra empatia e consciência coletiva. É comprovado que a vacina é segura e eficaz. Reduz os riscos de agravamento da doença, de internações e de óbitos, sem falar em transtornos corriqueiros, como o afastamento do trabalho.
Precaver-se contra a gripe também é prevenir-se de não ter um atendimento adequado em caso de adoecimento. Unidades de saúde e hospitais da Região Metropolitana já vêm enfrentando problemas de superlotação. A chegada dos meses com temperaturas menores, em que as pessoas ficam mais em ambientes fechados, favoráveis à transmissão do vírus, costuma elevar a procura pelo sistema de saúde.
Torna-se essencial, portanto, reforçar a campanha de vacinação. Divulgar os pontos para receber as doses, horários e o cronograma dos grupos prioritários, até a imunização ser liberada para o público em geral. Cada município define a própria estratégia, o que demonstra a importância dos esforços locais de comunicação. Na Capital, a imunização até domingo será focada em crianças de seis meses a menores de seis anos, idosos (a partir de 60 anos), gestantes, puérperas até 45 dias após o parto, indígenas e quilombolas. Na próxima semana entram profissionais da saúde, da educação e outros grupos.
Também são bem-vindas iniciativas para levar a vacinação a locais como creches, escolas e instituições de longa permanência e outras que ajudem o Estado a se aproximar mais do objetivo de imunizar as 5,3 milhões de pessoas que formam o público-alvo gaúcho. Uma boa novidade, a partir de agora, é a inclusão da vacina no calendário nacional para crianças (de seis meses a seis anos), grávidas e idosos. Ou seja, passa a estar disponível para esses estratos durante todo o ano. _