Os gaúchos atravessam um momento penoso de reconstrução após a enchente devastadora de maio do ano passado. Mas recuperar o que foi perdido não basta. É preciso, ao mesmo tempo que o Estado se reergue, tratar do futuro para tornar o Rio Grande do Sul uma terra promissora e de oportunidades para os que aqui nascem e os que aqui decidirem viver.
Os desafios se tornaram ainda maiores e superá-los depende da união em torno dos propósitos comuns
Ainda antes da tragédia climática, os obstáculos eram enormes nas mais diversas frentes, da infraestrutura à educação, da saúde ao capital humano. Os desafios se tornaram ainda maiores e superá-los depende da união em torno dos propósitos comuns. A reorganização do Estado e a reaceleração do desenvolvimento socioeconômico, portanto, estão ligadas à capacidade de construção de convergências e de definição de prioridades. Ouvir as lideranças políticas, econômicas e sociais do RS contribui para que o Grupo RBS e seus veículos também possam colaborar com esse processo de identificação de pautas primordiais e da mobilização para viabilizá-las.
Foi com este espírito que a RBS reuniu nesta segunda-feira (24) representantes da bancada gaúcha de deputados federais. Compareceram ao encontro com a direção da empresa Afonso Motta (PDT), Alceu Moreira (MDB), Any Ortiz (Cidadania), Covatti Filho (PP), Daiana Santos (PCdoB), Lucas Redecker (PSDB), Pedro Westphalen (PP) e Pompeu de Mattos (PDT). Outros parlamentares de mais siglas foram convidados, mas não puderam comparecer.
Legislativos têm como característica representar a pluralidade da sociedade. Diferentes visões políticas e ideológicas, portanto, são naturais. Ainda assim, todos são representantes do RS no Congresso. Dessa forma, espera-se que consigam colocar eventuais divergências em segundo plano quando a prioridade for defender os interesses dos gaúchos. Do diálogo, nesta segunda-feira, extraiu-se a convicção da existência de disposição da bancada para cerrar fileiras em torno das principais demandas do Estado, como ocorreu após a cheia.
Os gargalos para o progresso social e econômico do Estado não são poucos. É necessário recuperar e qualificar a infraestrutura, em todos os modais. Reina grande preocupação com o capital humano, ponto em que a educação é chave. A tarefa não é apenas dispor de mão de obra para tarefas mais simples, mas formar, reter e até atrair talentos que possam liderar e inovar. A preparação para enfrentar novas enchentes é vital, assim como aprender a conviver com as secas. Urge elevar a área irrigada. As repetidas estiagens legaram um grave quadro de endividamento no campo, problema cuja solução também será política. São apenas alguns exemplos das adversidades da hora.
Ao longo das últimas décadas, muito se comparou a atuação das bancadas gaúchas com as de congressistas de outras partes do país, que sabiam se unir e se articular em Brasília para defender as reivindicações de seus Estados e regiões. É de se considerar, inclusive, a conveniência de firmar alianças com representantes de outras unidades da federação com tribulações semelhantes. Não se exige dos parlamentares locais abrir mão de convicções políticas, mas sim saber o momento em que é preciso somar, e não dividir, porque há um interesse maior em jogo.