
Se existe um lugar verdadeiramente mágico em Porto Alegre, este é, sem dúvida, o Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS. Digo isso porque passei uma tarde lá na semana passada, acompanhando o deslumbramento de uma sobrinha de sete anos em sua primeira incursão pelos mistérios do universo, pelas maravilhas da natureza e pelos avanços do conhecimento humano. Fiquei com a impressão de que o fascínio de Elis — olhos arregalados e sorriso escancarado — retratava bem o sentimento coletivo dos demais visitantes, crianças, adolescentes e adultos, todos mergulhados na febril interatividade das descobertas.
Observando a movimentação do público, especialmente da garotada, percebi que raramente alguém parava para consultar o celular. O aparelho só era utilizado por alguns pais na função máquina fotográfica, exatamente para registrar as expressões admiradas dos pequenos. Eis aí um caminho para as escolas que não conseguem competir com a telinha viciante: em vez de apenas proibir, ofereçam aos estudantes atividades mais interessantes e envolventes do que aquelas que eles buscam nos celulares.
Sem comparações, evidentemente. Nenhuma escola do Estado teria condições econômicas para reunir um acervo tão rico de peças arqueológicas, réplicas de animais e equipamentos eletrônicos que simulam experiências científicas quanto o do Museu da PUC. O que cabe ser replicado é o princípio do aprendizado lúdico, aquela desafiadora metodologia que utiliza jogos e brincadeiras para ensinar.
No museu, pode-se mexer em tudo. Mais do que isso: os visitantes são estimulados a tocar nas peças expostas, a mover alavancas, a pressionar botões, a dedilhar em telas interativas, sempre com algum propósito explícito ou intuitivo. As crianças adoram isso, especialmente os filhos da era digital que já nascem com os dedinhos apontados para telas luminosas.
O cardápio de atrações é imenso, não vou descrevê-lo aqui. Mas o campeão de audiência é o show de eletrostática, em que as pessoas colocam as mãos numa esfera metálica (o gerador de Van de Graaff) e ficam com os cabelos arrepiados. Parece bem divertido, mas preferi nem entrar na fila. Se funcionasse comigo, já não seria ciência: seria mesmo mágica. Ou milagre.