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É desonesto culpar apenas o governo Lula pela suspensão dos financiamentos subsidiados de grandes produtores no Plano Safra. O motivo central do impasse é a demora na aprovação do orçamento de 2025, algo que é responsabilidade direta do Congresso. Muitas lideranças utilizam o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para chantagear o governo sobre a liberação de emendas sem transparência, e agora provocam consequências sérias para a economia.
Com a adoção de um crédito extraordinário de R$ 4 bilhões via Medida Provisória (MP), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, promete a retomada das operações ainda nesta semana. Também faltou ao governo leitura política. O anúncio da suspensão, na quinta-feira passada (20), gerou um alvoroço desnecessário. Também o Executivo poderia ter se antecipado para lançar a MP dias antes.
No Planalto, a ação foi considerada mais uma falha política da equipe do ministro Haddad. Assim como a crise do Pix, auxiliares de Lula consideram que o desgaste agora foi desencadeado por falta de comunicação interna.
No Congresso, o calendário mais otimista prevê a votação do Orçamento 2025 no começo de março. Enquanto não há a definição, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) autoriza o governo a pagar despesas obrigatórias, como salários e aposentadorias. Para os demais gastos, a regra geral é executar um duodécimo (1/12) por mês.
É comum, no entanto, um aperto maior na liberação de recursos neste período por incertezas em relação ao texto final do PLOA. O ajuste fiscal aprovado no final do ano passado, por exemplo, precisa constar nas novas regras.