
Ao criar uma nova linha do Minha Casa Minha Vida, voltada a famílias com renda bruta mensal de até R$ 12 mil, o governo Lula tenta conquistar parte da classe média com uma política pública que se consolidou como marca das gestões petistas, mas hoje é mais presente para a população de baixa renda. A medida é parte de um plano mais amplo, que inclui a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil, o crédito consignado para CLT e um mutirão para análise de benefícios do INSS, apenas para ficar em alguns exemplos.
Com crescimento do endividamento público, inflação acima da meta e Selic nas alturas, a equipe econômica já admite que em 2027 o orçamento poderá ser insuficiente para o cumprimento das despesas obrigatórias, mas o Planalto não quer ouvir falar em redução de gastos. Pelo contrário. Até as eleições do ano que vem, o objetivo é acelerar a entrega de obras e ampliar o alcance de políticas públicas.
A expectativa no Planalto é de que a ampliação do Minha Casa Minha Vida comece a chegar na ponta a partir da metade do ano. Além de 120 mil famílias que podem ser beneficiadas com taxas de juros mais atrativas, o governo acredita que isso movimentará o mercado da construção civil, gerando mais empregos e aumentando a média salarial.
No caso do IR, o potencial de pessoas atingidas é bem maior. São 10 milhões de trabalhadores que passariam a ter isenção ou redução da cobrança — caso dos salários entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. Assim como o mutirão do INSS e o crédito consignado, são medidas com efeito permanente, mas cujos efeitos positivos devem ser sentidos por boa parte da população justamente no ano eleitoral.
Com um orçamento cada vez mais espremido por repasses obrigatórios, é quase impossível entender como o governo cumprirá todas as promessas e ao mesmo tempo manterá o compromisso de déficit zero. Mas, ao menos em Brasília, isso só deve ser problema para 2027.