
Nesta terça-feira (29), o abastecimento de energia começa a ser normalizado em Portugal, Espanha, Andorra e partes de França, Bélgica e Alemanha afetados pelo maior apagão da história recente na região.
O que ganha atenção, agora, é a investigação das causas. Ainda na segunda-feira (28), dia de caos em aeroportos, ruas e supermercados, havia dois principais suspeitos: ciberataque ou um fenômeno atmosférico raro, chamado "vibração atmosférica induzida".
Qual seria a melhor hipótese, na perspectiva de que grandes incidentes em determinada regiões precisam ser lições para prevenção em todo lugar? É uma pergunta que precisa ser feita e, mesmo assim, é difícil de responder.
A coluna definiu o ciberataque como "o pior pesadelo do sistema elétrico", mas pede licença para se corrigir: nesse caso, as medidas preventivas a serem adotadas representam custo, mas muito menor do que o investimento necessário para suportar "fenômenos atmosféricos raros".
Na tentativa de explicar a causa da "vibração atmosférica induzida", gestores apontaram a mudança brusca de temperatura. A primavera, estação atual na Europa, é uma época de fortes oscilações no tempo.
Como se sabe, um dos principais efeitos da mudança no clima é o aumento da intensidade e da frequência dos fenômenos meteorológicos. Isso significa chuva, vento, raios e... temperatura. Verões com temperaturas acima de 30ºC não eram comuns no norte da Europa, agora viraram regra. No sul, o que era 30ºC virou 40ºC.
Embora proteger a rede de ameaças cibernética possa ter custo alto, é uma fração do que representa a necessidade de reforçar o sistema elétrico para suportar eventos severos que vão se repetir com maior intensidade e frequência.
Os gaúchos, que ainda precisam esperar dois ou três anos para ter uma rede adequada à situação atual em boa parte do Estado, precisam prestar muita atenção às conclusões sobre o apagão europeu. Ao menos, o episódio, lá, parece ser tratado com a gravidade que merece.