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O jornalista Anderson Aires colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) mensal, divulgados na manhã desta quinta-feira (27), reforçam a tendência de desaceleração lenta do mercado de trabalho.
De um lado, a taxa de desemprego, que ficou em 6,5% no trimestre encerrado em janeiro, está 1,1 ponto percentual abaixo do mesmo mês do ano passado e é a menor para um trimestre encerrado em janeiro desde 2014.
Em outra análise, comparando com períodos mais curtos, o nível de desemprego no país mostra elevação, mesmo que a passos lentos. A taxa de desocupação cresceu 0,3 ponto percentual em relação ao trimestre de agosto a outubro de 2024 (6,2%). Essa é a segunda variação positiva em sequência no comparativo de trimestre contra trimestre imediatamente anterior.
Esse cenário de pé no freio no ritmo do mercado de trabalho, mesmo que moderado, vem um dia após os dados do Caged, que também mostraram desaceleração nas contratações de trabalhadores no mercado formal. A Pnad é mais ampla, pegando também as ocupações informais.
BC de olho
Resta saber como o Banco Central está observando a movimentação do emprego no país. A entidade olha com lupa esses dados no processo de combate à inflação.
Parece contraditório, mas emprego forte e resiliente liga o alerta para inflação maior por mais tempo. Mais pessoas ocupadas e com renda jogam pressão sobre os preços diante de uma demanda mais aquecida.
Portanto, é importante observar o posicionamento do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima reunião, nos dias 18 e 19 de março, para entender como o colegiado está analisando a intensidade dessa desaceleração do emprego no país e como isso vai impactar na curva do juro ao longo do ano.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo