
Se o que Donald Trump desejava era ser temido pelo mundo, como deu a entender ainda desde a campanha eleitoral, conseguiu. Na véspera de seu "Liberation Day", suas ameaças de novas tarifas são o principal assunto do planeta, sem que ninguém saiba de detalhes – nem alguns dos mais próximos aliados.
No Brasil, as reações oscilam entre o pragmatismo de quem sabe que uma retaliação pode ser um tiro no pé, o espanto que quem acreditava que – mais um – moderaria o discurso depois de alcançar o poder e o temor de quem sabia o que esperar ainda antes que começasse.
No Congresso, sob a liderança da insuspeita – no sentido de ter preconceito em relação a Trump – ex-ministra da Agricultura Teresa Cristina, avança uma proposta para dar o Brasil mais poder de reação. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, aprovou nesta terça-feira (1º), por unanimidade, projeto de lei que permite usar sanções comerciais em países que não mantém relação de isonomia econômica com o Brasil.
Trump já provocou perdas nas bolsas internacionais, em ações de empresas americanas e tornou toda a dinâmica da economia internacional mais imprevisível – quando estabilidade é o fator mais crítico para que os negócios fluam. Agora, gera mais medo do que expectativa positiva, como ocorria antes da posse. Seu "sucesso" como agente de incerteza cobra um preço alto.
No Brasil, até a segunda-feira (31) ainda havia alguma expectativa de que argumentos racionais pudessem levar a uma negociação. Mas enquanto o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, esperava um telefonema, o United States Trade Representative (USTR) preparava um relatório com 18 páginas apontando problemas nas relações comerciais bilaterais.
Não é que não existam: o Brasil é apontado como um país fechado por interlocutores mais confiáveis. Mas a situação que Trump está impondo ao mundo não torna a América grande de novo – ao contrário – nem melhora o ambiente global de negócios.
Nesta terça-feira (1º), o que conduziu o mercado financeira não foi o temor das tarifas, mas dados que mostram a economia americana murchando. O dólar caiu mais 0,39 %, voltando à casa de R$ 5,60. Palmas para Trump.