O jornalista Anderson Aires colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
A mais recente edição do relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira (24), destacou variações nas projeções de inflação e do câmbio. Os dados reforçam o cenário de pressão nos preços aos consumidores, mesmo em um ambiente com o real diminuindo a desvalorização frente ao dólar nas últimas semanas.
No dólar, o recuo foi leve, passando dos R$ 6 para R$ 5,99. Mesmo assim, é a primeira vez que o indicador fica abaixo dos R$ 6 nas projeções neste ano.
Já a estimativa de inflação para 2025 pulou de 5,60%, na semana passada, para 5,65% nesta segunda-feira.
No geral, as projeções seguem mostrando tendência de piora. Além da inflação subindo a lomba, a expectativa de juro segue estacionada em 15% ao ano e o PIB também não se mexe, seguindo em 2,01%. Aliás, parte dos economistas enxerga certo otimismo do mercado em relação a esse patamar, projetando crescimento da atividade mais tímido neste ano.
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, afirma que o recuo no câmbio no boletim é muito pequeno e insignificante para surtir efeitos nos preços internos. A elasticidade na relação entre efeito do dólar no IPCA e os diferentes impactos em cadeias e setores também afeta essa relação, segundo o economista. Agostini destaca que, mesmo com viés de baixa recente do câmbio, outros fatores tornam esse efeito neutro nos preços:
— Parece que os efeitos do clima foram muito mais severos do que a questão do câmbio. Por exemplo, café e outras commodities agrícolas dispararam de preço por conta do clima. Então, mesmo com o câmbio mais favorável, não teve jeito, o custo aumentou muito. Ficou meio neutro.
Na terça-feira (25), sai a prévia da inflação de fevereiro, que vai antecipar como alguns dos principais itens usados pelos brasileiros como alimentos, energia e combustíveis.