Como na véspera, o dólar ensaiou subir ao patamar de R$ 5,80 na manhã desta quinta-feira (6). No entanto, a moeda americana perdeu força durante o pregão e fechou em R$ 5,764, ignorando declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que poderiam ter estressado o câmbio.
É a menor cotação desde 18 de novembro, resultado de queda de 0,52%, que anulou a alta de quarta-feira (5), quando uma sequência de 12 baixas foi interrompida.
Do ponto de vista político, a declaração inapropriada sobre a responsabilidade popular sobre a inflação foi a mais explorada, mas para o mercado poderia ter pesado o fato de Lula ter considerado a alta de juro uma "arapuca que não podemos mudar de uma hora para outra" – justo quando a equipe econômica tenta recuperar a credibilidade da política fiscal.
— Se você vai no supermercado e desconfia que tal produto está caro, não compra. Se todo mundo tiver a consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, porque, senão, vai estragar — também disse Lula em entrevista a rádios da Bahia.
Nem uma nem outra fez muito preço, contrariando momentos anteriores. O mercado preferiu manter o alívio com a limitação da guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e com dados que apontam uma desaceleração da economia dos EUA. O número de pedidos semanais de seguro-desemprego, uma indicação de demissões, veio acima do esperado pelo mercado. Dados fracos do mercado de trabalho americano mostram maior esfriamento da atividade econômica.
O cenário aumenta as chances de corte de juro americano, que tem potencial de ajudar a atrair investidores para o Brasil, que opera em ciclo de alta de Selic, por aumento de diferencial de juro, ou seja, elevação da enorme diferença que já existe entre a taxa americana e a nacional. É mais um sintoma do conflito entre bons indicadores de emprego e renda e azedume financeiro.
É bom lembrar, no entanto, que apesar de o real ter um dos melhores desempenhos frente ao dólar em 2025, boa parte dos economistas vê pouco espaço para quedas mais fortes.
*Colaborou João Pedro Cecchini