O jornalista Anderson Aires colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.

Não satisfeito com o ruído causado pelas recentes ameaças de interferência no Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano, o presidente Donald Trump dobrou a aposta e voltou a atacar o comandante da instituição, Jerome Powell, nessa segunda. Essa nova investida estressou ainda mais o mercado.
As principais bolsas dos Estados Unidos engataram forte queda ao longo da segunda-feira após Trump chamar Powell de “senhor tarde demais” e reafirmar que o não corte de juro por parte do BC americano pode provocar desaceleração da economia.
Já Powell afirma que o tarifaço provocado pelo presidente dos Estados Unidos pode causar queda no emprego diante de menos atividade e aumento na inflação. Independentemente de quem tem mais razão nessa queda de braço, o mercado vê apenas um cenário concreto: freio na economia. E isso reflete no comportamento das bolsas.
Depois de quebrar a barreira dos 3%, o índice S&P 500 fechou o dia com recuo 2,3%, enquanto o Nasdaq 100 caiu 2,5%. Já o Índice Dow Jones retraiu 2,4%. Além disso, o dólar perdeu competitividade ante outras moedas fortes no encerramento do dia.
O flerte de Trump com a demissão de Powell — algo que não pode fazer (até agora) no canetaço — parece ser um tiro pela culatra. Além de não facilitar as conversas com o Fed, passa um péssimo recado.
Afinal, colocar a independência de uma das principais instituições monetárias do mundo sob risco reaquece a tendência de inflação e juro alto por mais tempo.
Esse combo costuma desestimular ainda mais o investimento por parte das empresas e a atividade econômica. Tudo que Trump não quer como “legado” no seu segundo mandato, onde almeja reativar polos industriais nos Estados Unidos.
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