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Na tarde tarde desta terça-feira (11), os dois setores afetados pela imposição de tarifa de 25% definida pelo governo de Donald Trump, enfim se manifestaram oficialmente. Em nota, a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) manifestou "preocupação com os impactos da nova medida tarifária".
O Instituto Aço Brasil, que representa as indústrias siderúrgicas, considerou a medida uma "surpresa" (leia a íntegra abaixo) e lembrou que o mercado no Brasil "vem sendo assolado pelo aumento expressivo de importações de países que praticam concorrência predatória, especialmente a China".
Afirma, ainda, que "ao contrário do alegado na proclamação do governo americano de 10 de fevereiro, inexiste qualquer possibilidade de ocorrer, no Brasil, circunvenção (prática desleal de comércio em que se usa um terceiro país para burlar a aplicação de salvaguardas) para os EUA de produtos de aço oriundos de terceiros países.
Primeiro, a Casa Branca esclareceu que a alíquota total é de 25%, ou seja, não se trata de 25% adicionais às taxas já existentes. Também avisou que entra em vigor no dia 12 de março – prazo apertado para uma medida de tamanho estrago potencial, mas não o suficiente para não ter alguma tentativa de conciliação.
Logo depois, o próprio Trump, em vídeo, afirmou há pouco que não haverá "exceções nem exclusões",. Essa declaração mina a expectativa extraoficial do setor siderúrgico, que esperava ter chance de negociar cotas, como ocorreu no primeiro mandato do republicano.
A íntegra da nota do setor siderúrgico, o mais afetado
O Instituto Aço Brasil recebeu com surpresa a decisão do governo dos Estados Unidos, anunciada nesta segunda-feira (10) de estabelecer alíquota de importação do aço para 25%, independentemente da origem, derrubando, no caso do Brasil, acordo firmado no primeiro mandato do presidente Donald Trump, em 2018, para importação do aço brasileiro.
Naquela ocasião, os governos de Estados Unidos e Brasil negociaram o estabelecimento de cotas de exportação para o mercado norte-americano de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados/placas e 687 mil toneladas de laminados. Tal medida flexibilizou decisão anterior do Presidente Donald Trump que havia estabelecido alíquota de importação de aço para 25%. Importante ressaltar que a negociação ocorrida em 2018 atendeu não só o interesse do Brasil em preservar acesso ao seu principal mercado externo de aço, mas também o interesse da indústria de aço norte-americana, demandante de placas brasileiras. Os EUA importaram, em 2024, 5,6 milhões de toneladas de placas por não dispor de oferta suficiente para a demanda do produto em seu mercado interno, das quais 3,4 milhões de toneladas vieram do Brasil. As exportações brasileiras de produtos de aço para os Estados Unidos cumpriram integralmente as condições estabelecidas no regime de “hard quota”, não ultrapassando, em momento algum, os volumes estabelecidos tanto para semiacabados como para produtos laminados. Cabe ressaltar que o mercado brasileiro também vem sendo assolado pelo aumento expressivo de importações de países que praticam concorrência predatória, especialmente a China, razão pela qual o Instituto Aço Brasil solicitou ao governo brasileiro a implementação de medida de defesa comercial, estando em vigência, atualmente, o regime de cota-tarifa para 9 NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul) de produtos de aço. Assim, ao contrário do alegado na proclamação do governo americano de 10 de fevereiro, inexiste qualquer possibilidade de ocorrer, no Brasil, circunvenção para os Estados Unidos de produtos de aço oriundos de terceiros países. Estados Unidos e Brasil detêm parceria comercial de longa data, que vem sendo, historicamente, favorável ao primeiro. Nos últimos cinco anos, os Estados Unidos tiveram superávit comercial médio de US$ 6 bilhões. Considerando, especificamente, o comércio dos principais itens da cadeia do aço – carvão, aço e máquinas e equipamentos - Estados Unidos e Brasil detêm uma corrente de comércio de US$ 7,6 bilhões, sendo os Estados Unidos superavitários em US$ 3 bilhões. O Instituto Aço Brasil e empresas associadas estão confiantes na abertura de diálogo entre os governos dos dois países, de forma a restabelecer o fluxo de produtos de aço para os Estados Unidos nas bases acordadas em 2018, em razão da parceria ao longo de muitos anos e por entender que a taxação de 25% sobre os produtos de aço brasileiros não será benéfica para ambas as partes.