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O jornalista Anderson Aires colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Em um ambiente marcado por mau humor do mercado financeiro diante dos movimentos e acenos do governo federal nos últimos dias, o dólar fechou a semana com forte alta. A moeda americana encerrou esta sexta-feira (28) cotado a R$ 5,916 — alta de 1,50% ante o dia anterior. Esse é o maior patamar da moeda em cerca de um mês.
Após queda na primeira metade do mês, o câmbio engatou viés de alta, com aceleração nesta semana. Em fevereiro, a moeda registrou crescimento de 1,35%. Na última semana, saltou 3,22%.
A moeda disparou durante o período da tarde de sexta, rompendo a barreira dos R$ 5,90 após a confirmação de que Gleisi Hoffmann vai assumir a Secretaria de Relações Institucionais do governo Lula.
O mercado encara com desconfiança esse movimento, que aumenta a presença do "núcleo duro" do PT dentro do governo.
Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Corretora, destaca um dos principais pontos desse temor em relação à mudança ministerial:
— Provavelmente a reação é uma incerteza em relação à parte da negociação com o Congresso, com a entrada da Gleisi Hoffmann nesse papel. Acho que o mercado ainda vai tentar entender como que vai ser a postura do governo com essa mudança. Tem muitas coisas importantes para serem votadas ainda no Congresso, e essa troca traz algumas incertezas em relação a isso.
Fatores externos
A alta do câmbio no Brasil também intensificou em meio a novos ruídos no campo externo.
Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, bateram boca durante encontro na Casa Branca, nesta sexta-feira. O mal-estar aumenta a tensão no campo das tentativas de encerramento no conflito no leste europeu.
Soma de fatores
Os acontecimentos de sexta-feira intensificaram os movimentos internos e externos que depreciaram o real ao longo da semana.
Nos últimos dias, acenos do governo federal na direção de impulso nas ações em busca de popularidade, como mudança no saque do FGTS, acenderam alerta sobre possíveis impactos no campo fiscal.
Além disso, número de emprego acima do esperado, que reforçam a avaliação de mercado de trabalho ainda aquecido e com desaceleração lenta, também pressionaram o dólar.
No campo externo, o economista-chefe da Monte Bravo destaca que, ao longo da semana, houve um enfraquecimento de moedas em relação ao dólar após a confirmação de aumento de tarifas de importação por parte dos Estados Unidos conta países como México e Canadá.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo