Ainda que tenha reforçado as ameaças de campanha no discurso de posse, Donald Trump deve adiar a que tem maior potencial de abalo no câmbio: o aumento do imposto de importação. A informação do jornal The Washington Post trouxe alívio global, e o dólar fechou em R$ 6,041, leve queda de 0,4%, nesta segunda-feira (20).
A elevação de tarifas a produtos que chegam aos Estados Unidos tem potencial de gerar aumento de inflação. Com preços em alta, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) terá de ser mais cauteloso na redução do juro, o que atrai mais investidores ao país (veja detalhes abaixo).
Outros fatores também influíram na queda do dólar: houve menor número de negociações por ser feriado nos Estados Unidos – dia de Martin Luther King, citado até por Trump na posse –, e o Banco Central (BC) fez intervenção no câmbio de US$ 2 bilhões.
A injeção de dólares no mercado aumenta a oferta da moeda e tem potencial de diminuir a cotação. O BC não informa o motivo para ter realizado a operação, anunciada ainda na sexta-feira (17). A instituição afirmou, tanto na gestão passada quanto na atual, que esse tipo de medida só é tomado em caso de "disfuncionalidade" do mercado de câmbio.
Por que a alta da tarifa valoriza o dólar
- Se ao assumir a presidência dos Estados Unidos Donald Trump elevar o imposto de importação (tariff em inglês), menos produtos estrangeiros vão entrar no país.
- A redução pode diminuir a oferta de mercadorias, com consequente aumento da inflação.
- Com preços em alta, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) terá de ser mais cauteloso na redução do juro.
- Assim, os títulos públicos dos EUA, considerados os mais seguros do mundo, seguirão remunerando bem e vão atrair investidores financeiros para esses papéis.
- Com alto fluxo de entrada de dólares nos Estados Unidos e saída de mercados emergentes como o Brasil, a moeda americana se fortalece.
*Colaborou João Pedro Cecchini