Se há um consenso sobre o principal efeito econômico global da posse de Donald Trump para novo mandato na Casa Branca é o de valorização da moeda americana. Isso significa que, dependendo das medidas que ele anuncie, o dólar pode saltar no Brasil. Ou cair, mas isso é bem menos provável.
Trump vem para o segundo mandato em versão vitaminada, tanto pela experiência dos quatro anos anteriores quanto pela adesão quase total dos republicanos – no anterior, havia mais resistência ao estilo do novo líder. Por isso, experientes diplomatas dizem que ele será "capaz de qualquer coisa".
Mas se as ameaças de anexação ou invasão de Panamá, Canadá e Groenlândia forem de fato meras bravatas, a medida de Trump que mais pode afetar a cotação do dólar é relacionada ao comércio exterior : o aumento da tarifa para entrada de produtos importados nos Estados Unidos.
É bom lembrar que Trump já "prometeu" alíquotas de 60% para produtos chineses, ameaçou com tarifa de 100% o grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de outros associados) e sem definir percentual, o Brasil individualmente, por ter impostos elevados para entrada de produtos americanos aqui.
Neste início de janeiro, circularam informações não confirmadas sobre a dose da guerra comercial de Trump que mexeram com o dólar. Quando o Washington Post projetou que a aplicação seria mais branda do que as ameaças, o dólar caiu – e Trump desmentiu. Quando a CNN publicou que ele decretaria emergência econômica nacional para aplicar altas doses tarifárias, o dólar subiu em relação a várias outras moedas – e o presidente eleito não se manifestou.
Quanto maiores forem as tarifas, a tendência é de que o dólar suba mais. É bom lembrar, porém, que a posse e as medidas de Trump não serão os únicos fatores que vão influir no câmbio no Brasil. A cotação varia de acordo com uma quantidade imensa de variáveis, da política fiscal no Brasil a eventos geopolíticos mundiais.
Reação em cadeia
Por que a alta da tarifa valoriza o dólar
- Se ao assumir a presidência dos Estados Unidos Donald Trump elevar o imposto de importação (tariff em inglês), menos produtos estrangeiros vão entrar no país.
- A redução pode diminuir a oferta de mercadorias, com consequente aumento da inflação.
- Com preços em alta, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) terá de ser mais cauteloso na redução do juro.
- Assim, os títulos públicos dos EUA, considerados os mais seguros do mundo, seguirão remunerando bem e vão atrair investidores financeiros para esses papéis.
- Com alto fluxo de entrada de dólares nos Estados Unidos e saída de mercados emergentes como o Brasil, a moeda americana se fortalece.