O petróleo subia quase 2% nesta quarta-feira (14), quando começaram a chegar as confirmações sobre o cessar-fogo entre Israel e Hamas. Ainda antes de comunicados formais previstos dos governos dos Estados Unidos e Catar, houve alguma moderação da alta, mas a cotação não saiu do nível de US$ 80.
Como a coluna havia relatado, o preço do barril está em viés de alta devido a novas sanções dos Estados Unidos contra o petróleo russo. Isso faz China e Índia buscar outros fornecedores e reduz a folga entre oferta e demanda.
Um dos motivos para o impacto moderado do potencial final do conflito que pressionou o barril por meses (veja linha do tempo abaixo) é o fato de que há dias se especulava sobre o fechamento desse acordo. Está prevista a retirada gradual das forças israelenses da Faixa de Gaza e a libertação de reféns mantidos pelo Hamas em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel.
Outro é que, do ponto de vista do abastecimento, a pressão da substituição do fornecimento russo é maior do que o alívio comercial proporcionado pelo acordo.
É óbvio que, tanto do ponto de vista humanitário – Gaza está reduzida a ruínas e cidadãos israelenses não dormem bem há um ano e três meses – quanto de redução de incerteza geopolítica, a suspensão dos ataques é uma meganotícia. Ainda que a fase inicial tenha apenas seis semanas.
Esta nota está em atualização para acompanhar as flutuações do preço.
Os degraus da escalada
- No dia 7 de outubro de 2023, um ataque terrorista do Hamas a Israel deixou centenas de mortos e mais de uma centena de reféns (número exato ainda não é conhecido).
- A reação de Israel foi extrema, invadindo e bombardeando Gaza, território governado pelo Hamas, a ponto de desgastar Benjamin Netanyahu com aliados.
- Há um ano, em janeiro de 2024, um ataque de Israel à embaixada do Irã em Damasco, capital da Síria, matou integrantes da Guarda Revolucionária do Irã. A retaliação e a resposta foram contidas por pressão internacional.
- Em julho, o assassinato do líder do Hamas Ismail Haniyeh em Teerã fez o barril passar do limite de US$ 80. Havia sido a última vez nesse patamar antes deste início de janeiro.
- Em setembro, foi morto em bombardeio Hassan Nasrallah, líder desse grupo que é uma espécie de Estado paralelo no Líbano.
- No mesmo mês, Israel invadiu o território do Líbano via terrestre pela primeira vez desde 2006.
- Em outubro, o Irã disparou mísseis contra Israel, sem grandes estragos, assim como foi a retaliação.