Desde a posse do novo presidente dos Estados Unidos, a principal causa da moderação do dólar era o alívio com o descumprimento de ameaças de Donald Trump. No entanto, nesta terça-feira (28), o republicano teve quase nenhuma contribuição para empurrar a moeda americana abaixo de R$ 5,90 pela primeira vez em dois meses.
O dólar fechou em queda de 0,73%, para R$ 5,869, menor cotação desde 26 de novembro, na sétima sessão seguida de baixa. Analistas não apontam causa específica para o recuo, mas alguns falam sobre correção de exagero na depreciação do real no final do ano passado.
Um dos que vêm mencionando a diluição da pressão excessiva é o economista-chefe do banco Pine, Cristiano Oliveira, que havia observado o "exagero" de dezembro de 2024 no final da semana passada.
Houve saída intensa de dólares em dezembro por forte deterioração dos indicadores financeiros, sintoma da perda de credibilidade na política fiscal. O movimento que ocorre agora seria uma espécie de correção da cotação, o que coloca o real entre as moedas com melhor desempenho frente ao dólar neste ano.
— Houve exagero, que agora está diminuindo, assim como em muitos países emergentes nos primeiros dias do governo Trump com o fato de ele não ter elevado tarifas (impostos de importação) como ameaçou — afirma Oliveira.
É bom lembrar que a promessa de campanha de Donald Trump de elevar os impostos sobre produtos importados teria grande potencial de abalo no câmbio. Como a medida não foi implementada, apenas usada como instrumento de ameaça em negociações comerciais, agora retira esse fator de pressão.
*Colaborou João Pedro Cecchini