Na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) comandada pelo novo presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, surpresas estavam proibidas. Veio a esperada alta de 1 ponto percentual, o que levou o juro básico no Brasil para 13,25%. Entre os motivos do choque de juro em progresso, além dos riscos fiscal e inflacionário, está o prêmio da incerteza sobre a condução de um indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tudo o que Galípolo precisa fazer agora é alinhar expectativas, o que significa não causar espanto.
Essa circunstância já estava prevista em 11 de dezembro, quando o BC anunciou um choque de juro ao adotar a pouco usual iniciativa de antecipar duas decisões de doses ainda menos usuais de 1 ponto percentual a mais no juro básico.
Uma foi entregue agora, outra igual deve vir em 19 de março, como o comunicado da decisão reiterou: "em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião". Para além, o Copom avisou que vai definir o juro com "firme compromisso de convergência da inflação à meta". Com projeção de inflação em alta, a perspectiva é de novas altas para além dos 14,25% de março.
E tudo foi entregue como esperado, inclusive o tom ainda mais duro do comunicado em relação à inflação, mesmo com o dólar em R$ R$ 5,866, abaixo dos R$ 5,968 em que estava cotado naquele 11 de dezembro em que se decidiu por um tranco monetário.
E não faltou um alerta sobre a desconfiança fiscal, ao afirmar que o Copom "segue acompanhando com atenção os desenvolvimentos da política fiscal e seu impacto sobre a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida continua influenciando, de forma relevante, os preços dos ativos e as expectativas do mercado."